Narrado por Besa
A notícia chegou como um tapa que eu já esperava — e mesmo assim acertou em cheio. Um mensageiro do meu pai entrou sem cerimônia na sala onde eu alinhava o vestido para o noivado e deixou sobre a mesa um papel lacrado. Não olhei para o selinho; olhei para o rosto dele: tenso, controlado, a expressão que anuncia que algo queimou nos bastidores.
— É do Ares — disse ele, voz curta. — Chegou agora mesmo.
Abri o lacre com os dedos que tremiam mais por raiva do que por surpresa. As palavras eram poucas, secas, formais. “Por motivos pessoais e de segurança, o noivado está cancelado.” Assinava Zeus Marino.
A primeira reação foi rir de ódio. Rir porque aquilo era muito óbvio: um homem que se acha dono do próprio fôlego desistir de cumprir um acordo. Rir porque a audácia de ele usar um ataque como desculpa para rasgar um pacto era a mais baixa das traições. Rir porque era meu turno de responder.
Mas o riso virou fogo.
Joguei o papel na mesa. O vestido, por um segundo, me parece