Narrado por Léa
Ele ainda estava dormindo quando eu me levantei.
O sol mal tinha nascido, e o quarto carregava aquele cheiro misturado de suor, vinho barato e pecado. O corpo dele estava estirado sobre os lençóis amassados, nu, relaxado, vulnerável.
Eu podia matá-lo naquele instante, se quisesse.
Mas não era esse o plano.
Peguei o celular escondido no fundo da bolsa, entrei no banheiro, fechei a porta devagar e liguei. O número do Alonso era memorizado — como tudo que ele me ensinou.
Ele atendeu antes mesmo do primeiro toque completo.
Alonso:
— E então?
Encostei na parede fria, ainda nua, com o cabelo molhado grudando nas costas. E sorri.
Léa:
— Consegui.
Alonso (seco):
— Transaram?
Léa:
— Como se o mundo fosse acabar. Ele me mordeu o ombro e chamou de veneno. Ele não sabe... mas se apaixonou pela própria armadilha.
Ouvi ele dar uma risada curta.
Alonso:
— Ele disse o nome?
Hesitei por meio segundo. Mas só meio.
Léa:
— Durante a madrugada... entre um gemido e outro... ele sussurrou “M