Narrado por Zeus Marino
A porta da mansão se fechou atrás de mim com um estalo seco. O silêncio da madrugada ainda pairava pelo salão, quebrado apenas pelo som abafado da televisão vinda da sala de armas.
Sabia que eles estariam acordados. Meus irmãos não dormiam direito desde que Alonso começou a mover as peças no tabuleiro.
Entrei com passos firmes, tirando o paletó com lentidão. O cheiro dela ainda grudado em mim. Perfume doce demais pra ser inocente. O tipo de fragrância que fica na pele como veneno.
Apolo estava largado no sofá com um copo de uísque na mão, e Ares mexia em um tabuleiro de mapas, rabiscando rotas, nomes, zonas neutras.
Assim que me viram, Apolo arqueou uma sobrancelha e levantou o copo.
Apolo:
— Olha só quem resolveu aparecer… Tava onde?
Ares olhou por cima dos óculos, mas não disse nada. Só me estudou com aquele olhar de general que fareja algo fora do padrão.
Joguei o paletó na poltrona e fui direto até o bar, pegando uma dose de vodka gelada. Engoli de uma vez.