Annabelle
Minha vontade era gritar.
Minha vontade era avançar contra Andreas, empurrá-lo, arranhar seu peito e dizer com toda a força da minha alma: “Eu vou trazer minha filha para cá. Eu vou protegê-la com minhas próprias mãos.”
Mas não gritei.
Não fiz nada disso.
Apenas permaneci ali, sentada na beira da cama, com os olhos fixos no vazio, sentindo o coração dilacerado em mil pedaços. Depois de vinte e cinco longos anos, depois de noites em claro, orações, lágrimas escondidas e uma esperança quase morta… eu a encontrei.
Minha menina.
Minha Selene.
Agora uma mulher crescida, com o nome de Mara.
Ela estava viva. E tão linda, tão parecida comigo quando eu era jovem, que doeu apenas olhar para ela. O sorriso, os olhos escuros diferentes dos meus que são coloridos, os cabelos soltos refletindo a luz da lua… tudo nela gritava que era minha filha.
E, ainda assim, eu não podia estender a mão.
Era uma tortura ver de longe. Uma tortura maior ainda voltar para o Refúgio e fingir que nada t