A noite estava silenciosa no refúgio. O luar filtrava-se pelas frestas das árvores e iluminava o semblante cansado de Eros. O alfa do Alasca caminhava sozinho, o peito apertado, como se um peso invisível esmagasse seus ossos. Todos pensavam nele como um guerreiro incansável, um líder que resistira às sombras, mas dentro de si Eros carregava algo mais cruel do que qualquer inimigo: a culpa.
Sentou-se à beira de uma das fogueiras quase apagadas. O crepitar suave das brasas o levou de volta ao passado, a um tempo em que acreditava ser invencível, em que a honra de sua alcateia estava acima de qualquer sentimento.
Ele fechou os olhos e, como em um pesadelo, reviu a cena.
Branca, sua filha, de joelhos diante dele. As mãos trêmulas protegendo a barriga ainda pequena. Os olhos claros cheios de lágrimas.
— Pai, por favor… ele é o meu companheiro.
Eros lembrava do rugido que dera naquela noite. Um rugido que não vinha de um pai, mas de um juiz implacável.
— Ele é humano! — havia gritado, o r