A escuridão em volta era viva.
As sombras sussurravam, deslizando e ondulando pelas paredes como serpentes etéreas. O espaço onde Yara se encontrava não era físico — era algo entre um sonho e um delírio, um cárcere construído com as fibras da noite e o sopro do medo.
Ela estava deitada sobre uma superfície que não conseguia ver, mas sentia o peso das trevas sobre seu corpo. Frio. Suave. Quase um amante.
Um som longínquo percorreu o ambiente. Passos.
Lentos. Contidos. Calculados.
A escuridão pareceu encolher em volta de Yara, como se tivesse medo do que se aproximava.
Então, ele surgiu.
Tupã.
Os olhos dela se arregalaram, ao que um soluço escapou de seus lábios secos.
— Tupã!
Ele estava ali, em pé à sua frente, seu corpo forte e ágil como ela se lembrava. A pele morena reluzia sob a tênue luz azulada que emergia de lugar algum, e seus olhos — oh, seus olhos! — eram profundos como o oceano antes da tempestade.
Ela quis se levantar, correr para ele, mas seu corpo não respondeu. O que era