4

Malú abriu os olhos devagar, naquele instante tudo estava confuso em sua mente, uma mistura insana de acontecimentos lhe invadiu, mas pareciam ter saído de algum filme de ação, com toda aquela perseguição, mortes, tiros... Então, se lembrou de tudo que tinha vivido e em apenas uma noite. Assustada, ela se sentou e abraçou os joelhos, apavorada. Não sabia onde estava e nem se realmente estava viva. Mas tinha visto o governador ser assassinado por seu sobrinho, Dante.

Ela olhou ao redor e viu que era dia, seu corpo afundou em um colchão incrivelmente confortável, estava em um quarto grande e luxuoso. Respirou fundo, tentando controlar sua respiração em meio a uma crise de pânico. Um tremor percorreu seu corpo, as mãos ficaram frias, de repente a porta se abriu, quando aquele homem tão intimidador quanto atraente entrou. Ele parecia recém-saído do banho, secava o cabelo com uma toalha naturalmente, não vestia camisa, o que revelava um corpo completamente em forma.

— Que bom que acordou — falou em tom seco, sem ao menos olhar em sua direção.

Malu ainda vestia suas roupas, as mesmas com que tinha saído do restaurante antes de sua vida mudar, suja e ainda sentia seu nariz dolorido.

— Tome um banho, irá se sentir melhor.

Ele apontou duas sacolas que tinham um logo na frente de uma marca de roupas famosa, pegou-a e colocou perto de Malú. Ela, no entanto, imediatamente recuou, evitando qualquer proximidade. Dante permaneceu sem demonstrar nenhum tipo de reação.

— Aqui tem algumas roupas que Pedro, o meu motorista, providenciou para você, espero que sirvam.

Continuou secando o cabelo enquanto entrava tranquilamente em outro cômodo do quarto que aprecia um closet.

Sozinha ali na cama, se sentiu mais confortável, no entanto estava bastante confusa, não entendia por qual motivo estava naquele lugar que mais se aprecia, um hotel de luxo, sobre lençóis caros e junto àquele homem que a deixava intimidada. E nem por que diabos não havia lhe matado, afinal era uma testemunha, entretanto, acreditava que o poderia fazer a qualquer momento, e aquilo lhe causou pavor. Abraçou forte o corpo em meio aos seus temores. Naquele instante, se lembrou de seu pai e uma angústia maior lhe tomou, a cena de Gil baleado no chão e como ela ficou impotente diante da situação. As lágrimas queimaram com mais força, numa dor devastadora.

Então, Dante surgiu novamente, agora vestido de uma calça jeans escura e camisa polo azul-marinho. Ele parecia incomodado por ela não ter se movido quando havia lhe ordenado para tomar banho. Ele pegou uma das sacolas e virou as roupas sobre a cama sem paciência alguma. Trata-se de um jeans e uma blusa t-shirt, algo comum.

— O que você quer comigo? — ela perguntou sem o encarar.

Ele, no entanto, não respondeu.

— Vá tomar um banho e se troque, pois precisamos ir a um lugar.

Ela ficou incomodada com seu tom autoritário, mas aquele homem lhe causava medo. Malú respirou fundo e buscou forças para lhe confrontar, afinal, já não tinha mais nada a perder.

— Eu não pretendo ir a lugar algum com você! Eu quero respostas. Por que foi ao restaurante em que eu trabalho? Qual a sua ligação com Nicolas e Sandro... — então chorou com mais força, assustada com a última pergunta — Por que matou o governador?

Mesmo assim, Dante ficou em silêncio. Malú se perguntou como era possível uma pessoa lhe causar tanto pavor sem sequer abrir a boca.

Ela se encolheu mais um pouco. Várias coisas se passaram em sua cabeça e uma delas era que talvez ele pretendesse pedir algum resgate, entretanto se recordou de que não tinha nenhum centavo, e ele sim parecia ser muito rico. Outra possibilidade seria a de matá-la e depois se livrar do corpo, entretanto, tinha desmaiado ainda naquele aeroporto. Dante poderia facilmente ter feito isso lá, ao invés disso, a trouxe para aquele lugar confortável, lhe comprou roupas e agora estava obrigando a tomar um banho e ficar apresentável.

— Já sei. Você pretende me usar como isca para pegar o Nicolas, é isso? Mas eu não sei nada sobre ele. Nós fomos namorados, mas terminamos e...

Surpreendentemente, Dante a interrompeu como se estivesse dizendo um monte de besteiras.

— Não preciso de você para isso.

Então, Malu secou o rosto com as mãos, mais confusa do que antes.

— Então, o que você quer de mim? — Ela gritou em choro, se erguendo da cama a fim de enfrentá-lo — Eu não tenho nada, nem família, meu pai foi assassinado covardemente por tentar me defender, eu vivi o maior inferno da minha vida em menos de vinte e quatro horas... Se vai me matar, faça logo, eu não aguento mais...

Falou em uma profunda e intensa agonia.

— Eu não pretendo matá-la.

Malú fungou, secando o rosto com as costas das mãos confusas.

— Mas que tipo de psicopata você é...?

Ele se virou de costas e caminhou tranquilamente até a janela. Na verdade, nem o próprio Dante entendia o que estava fazendo. Malú não estava errada, ele deveria tê-la matado, no entanto, não costumava fazer isso com pessoas inocentes, sabia que ela havia sido uma vítima em toda aquela história, porém, no final, se tornou uma testemunha.

— Assim que você se aprontar, eu a levo ao hospital para ver seu pai.

Malú ficou perplexa com as palavras dele, uma enxurrada de emoções a invadiu, além de mais dúvidas. Como era possível que Dante soubesse de seu pai, e mais ainda, que ele a levasse até ele...?

— M-eu pa-i...? — ela gaguejou, incrédula.

— Sim, o seu pai.

Malú ainda assimilava as palavras de Dante como se aquilo fosse um absurdo. Ela mesma viu o pai gravemente ferido, não havia ninguém naquele momento para socorrê-lo, aquilo era impossível.

— Não é verdade... Meu pai... Está morto...

Seguindo até a porta, de costas, ele continuou:

— Pedi à minha equipe que o levasse ao hospital. O estado dele é grave, porém ainda está vivo. Você tem vinte minutos para se arrumar e eu a levarei até ele.

Quando o viu sair e fechar a porta, Malú demorou alguns segundos até que conseguiu respirar um pouco aliviada. Se seu pai estivesse realmente vivo, aquela era a melhor notícia que poderia ter. Por um instante, seu coração se encheu de alegria, e só conseguiria saber a verdade, se de fato obedecesse Dante. Por isso, voltou até a cama e pegou a roupa que ainda estava ali, foi até o banheiro e tomou um banho rápido, mas o suficiente para relaxar o seu corpo. A água quente sobre sua pele proporcionou um alívio imediato de toda tensão, entretanto, mal conseguiu lavar o cabelo. Dante parecia ser o tipo que não aceitava atrasos e saber que veria seu pai valeria qualquer esforço. Ainda chorou em meio ao choque que estava vivendo.

Ao sair do chuveiro, se secou ali mesmo no banheiro. Mas ao sair do quarto, nua, parou na frente do espelho enquanto analisava seu nariz, que estava um pouco inchado devido ao soco que levou do capanga de Sandro. Quando de repente a porta se abriu, ela não teve tempo para se cobrir. Dante entrou e ficou parado, imóvel, quando a viu. O rosto de Malú queimou de vergonha, e ele parecia não se incomodar, ficou ali com seus olhos sobre ela. Imediatamente, ela buscou algo para se cobrir, puxou o lençol da cama ainda trêmula com a forma como os olhos dele a invadiam.

Se ele fosse algum tipo de maníaco sexual, não teria poupado aquele momento. Malú sabia muito bem o que aqueles olhos cheios de luxúria significavam.

Dante deu um passo à frente, se aproximando, e ela sentiu uma tensão crescer.

— Você só tem mais dois minutos para se aprontar, o nosso carro está nos esperando. — falou com aquele tom rude de sempre.

Mas a jovem não conseguia se concentrar em nada que não fosse um par de olhos castanhos sobre ela, que a deixava intensamente nervosa.

Então, Dante entrou naturalmente e pegou as peças de roupa e jogou sobre ela.

— Não se preocupe, estou acostumado a ver mulheres nuas.

Ela se vestiu rapidamente, sabia que não tinha muitas opções, mas, no fundo, se sentiu ofendida. Talvez ele quisesse dizer que ela não era nada atraente e por isso não precisava se importar. Não que ela quisesse ser desejada por ele, no entanto, aquilo lhe incomodou.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App