3

— Você é um moleque, Nícolas! Colocou o nosso plano em risco por causa desta, vadia! — Sandro gritava em revolta para o irmão.

Nicolas tentava explicar para o irmão que sua obsessão não lhe permitiria ir embora sem levar Malú. Eles tinham um esquema de mulheres para levar para a Europa, seu plano incluía levá-la junto, mas era óbvio que não permitiria que a prostituíssem como fariam com as outras. Malú era sua, e não deixaria ninguém tocá-la.

Malú sentia que estava vivendo um verdadeiro inferno ou talvez aquilo fosse apenas um pesadelo no qual em breve estaria acordando. Seu corpo foi tomado por um pânico absurdo, pois não sabia o que a mente doente de Nicolas pretendia, além do mais, temia por seu pai. A imagem de vê-lo caído ao chão em meio a tanto sangue lhe causava uma angústia esmagadora. Gil nunca havia sido um exemplo de carinho e afeto, entretanto lhe deu uma boa educação e sempre a protegeu desde que a mãe os largara. Sabia que sua forma bruta de lidar com a vida era a única que ele conhecia e que tinha dificuldade de demonstrar carinho, o que não significava que não tivesse. Mas agora teria que se conformar em seguir sozinha, se é que também sobreviveria, pois acreditava que Gil pudesse ter sangrado até a morte, e aquele pensamento lhe trazia dores insuportáveis, por isso chorava numa angústia devastadora.

Todos estavam agitados naquele momento, e o choro e o soluço agudo de Malú incomodou Sandro.

— Façam ela se calar ou eu serei capaz de perder a cabeça!

Então, um dos homens deu um soco forte, atingindo o rosto da jovem, seu nariz sangrou em meio a seus gemidos por tanta tortura. Nicolas imediatamente partiu para cima do brutamonte e devolveu o soco.

— Não toque nela, porra!

Sandro ficou mais irritado enquanto puxava o irmão de volta.

— Chega, Nicolas.

Então, se virou para o capanga e ordenou.

— Só tapem a boca dela com alguma fita, inferno, será que tenho que ensinar vocês a fazerem tudo?

Então, um outro homem entrou na sala.

— Chefe, está tudo pronto.

Sandro respirou aliviado.

— Então, vamos, antes que essa merda toda vá para o caralho!

Do lado de fora, várias jovens eram forçadas a entrar em uma van, todas apavoradas. Quando o capanga levou Malú para junto das jovens, Nicolas a puxou pela cintura.

— Não, ela vai com a gente.

Sandro ainda bufou algum palavrão, entretanto, não tinham muito tempo, os sons das sirenes policiais se aproximavam cada vez mais. Então, entraram em um outro carro.

Sandro ordenou:

— Mas ela tem que ficar quieta, ou eu juro que eu mesmo atiro na cabeça dela.

Nicolas abriu a porta e colocou Malú sobre o banco. Ela já não tinha forças, seu choro tinha sido silenciado, sua angústia havia descido na garganta e ficado bem ali, se sentia um corpo vazio e sem alma. Quando o veículo começou a se mover, a jovem caiu em si de que se tratava de uma fuga, o carro estava acima da média da velocidade e fazia curvas na mesma medida. De repente, em meio ao chacoalhar, Malú ouviu sons de tiros e alguns vidros estouraram. Apavorada, ela rolou o corpo e se lançou ao chão do veículo. Nicolas e Sandro discutiam algo sobre de quem era a culpa por seus planos terem dado errado. Após vários momentos tensos, o carro parou.

Ela ouviu Sandro ordenar a Nicolas.

— Você segue com a van e leva as meninas, o avião vai pegar vocês na pista de pouso do Leste.

Antes de sair do carro, Nicolas ainda insistiu:

— A Malú vem comigo.

— Não dá tempo! Nicolas, eu levo a levo…

Então, ela viu Nicolas descer do carro e adentrar a mata.

Nos minutos seguidos, o carro se movimentou novamente, houve mais trocas de tiros até que entraram em algum lugar. Malú não conseguiu identificar, parecia um galpão.

— Merda! — Sandro praguejou ao parar o carro. Malú permaneceu abaixada, enquanto o via se render.

Por um segundo, ela sentiu esperanças de que fosse a polícia, e ela ficaria livre. Ainda no chão, ouviu uma discussão e mais tiros. Mas Sandro abriu a porta e ergueu as mãos em redenção.

Após alguns minutos, Malú tentou se erguer, ainda confusa se realmente era seguro. Ela viu que haviam sido bloqueados por outro veículo à frente. E o motorista armado rendeu o veículo de Sandro e a outra parte de sua equipe. A habilidade e precisão do atirador eram surpreendentes, todos os ocupantes pareciam ter sido mortos, restando apenas Sandro. Ele parecia nervoso, como se aquele fosse seu fim. Malu também estava nervosa. Em meio a todo aquele caos, acreditou que Sandro seria morto por aquelas pessoas e ela provavelmente não teria chance alguma de ser poupada.

De repente, o atirador se virou, Malú abaixou rapidamente, ficou na dúvida se tinha sido vista. Porém, algo lhe perturbou, acreditou que estivesse enlouquecendo, pois conhecia aquele rosto, era... O atirador que os atacou era… Dante, o mesmo que a intimidara no restaurante. Seria impossível não o reconhecer, era cerca de um metro e oitenta de altura, cabelos lisos impecavelmente penteados, a expressão séria e áspera combinava bem com aquele momento. Dante era um assassino. Uma mistura de emoções lhe invadiu, não entendia o que estava acontecendo. Perguntou-se se a ida daquele homem ao restaurante havia sido uma coincidência, e era claro que não. A mancha de molho branco ainda estava em seu ombro, sobre o paletó.

Malú conseguiu se erguer novamente para ver se era o melhor momento para agir. Ela viu Dante abrir a porta do carro da frente e libertar um ocupante, o único sobrevivente dali. E novamente ela se chocou, e sabia que não estava louca, aquele se tratava do governador Giovanni, mesmo que só o tivesse visto pela TV, tinha certeza de que fosse ele, estava amarrado e amordaçado, então Malu compreendeu o que estava acontecendo, Sandro e Nicolas haviam sequestrado e Dante estava ali para lhe resgatar. Ela se lembrou de que Téo havia dito que o sobrinho do governador estava no restaurante, assim, ela encaixou as peças do quebra-cabeça, era ele... Então, soube que precisava fazer algo, não tinha sido vista, talvez conseguisse fugir.

Ela sentiu aquela sensação de insegurança, e imediatamente abaixou. Seu coração batia muito rápido. Apavorada, Malú levou as mãos ainda amarradas à boca, por cima da fita, tentando conter qualquer som que acusasse sua presença. Respirou fundo, tentado usar a razão naquele momento. Então, começou a tentar se desamarrar, assim sua fuga seria mais ágil. Logo que conseguiu se livrar das cordas, arrancou a fita de sua boca. Era aliviador, sentiu o ar entrar em seus pulmões enquanto respirava livremente.  Quando olhou pela janela, notou que ali só tinham dois homens fazendo a guarda. Dante, Sandro e governador não estavam em seu campo de visão. Então, percebeu que poderia fugir. Em meio a toda adrenalina, obrigou seu cérebro a funcionar. Abriu a porta devagar e se abaixou, colocou um dos pés para fora e na sequência o outro. Aquele era uma espécie de aeroporto de pequeno porte. Malú conseguiu dar alguns passos se aproximando da saída, planejou chegar até lá e se enfiar na mata, correria o máximo que conseguisse até chegar à estrada e pedir ajuda. Acreditava que tinha o plano perfeito, só precisava esperar uma oportunidade para fugir. Sabia que o que estava acontecendo ali era algo do qual não deveria saber. Ela ouviu o som da voz de Dante completamente irritado. Se abaixou rapidamente por detrás de uma pilha de paletes.

— Mas que merda está acontecendo, o que significa aquela vam cheia de mulheres? — Dante perguntou confuso a Giovanni.

Então, Malú viu Sandro sobre a mira da arma de Dante.

O governador se manifestou intolerante:

— Depois a gente fala sobre isso, precisamos achar o irmão deste filho da puta que fugiu.

Sandro não conteve um sorriso e falou:

— Não vão conseguir pegar o meu irmão, a esta altura já está longe.

Dante perguntou calmamente:

— E para onde levaram as mulheres?

— Pergunte ao seu tio, isso fazia parte do nosso novo empreendimento.

Então, Malu percebeu que Dante não era cúmplice do rapto das mulheres. No entanto, era chocante saber que o governador apoiava aquela sujeira.

Dante já estava perdendo a paciência com aquelas meias verdades, então falou com voz autoritária e fria:

— Acho melhor alguém começar a falar, pois minha paciência está se esgotando.

Giovanni deu um passo à frente para pegar a arma do sobrinho e Dante se esquivou. Seu reflexo era uma de suas melhores habilidades, e sabia que o tio ia tentar apagar Sandro antes que ele terminasse de falar.

Sandro olhou para Dante e começou a falar voluntariamente.

— Já que insiste, eu falo… — Sandro parecia empolgado com o que iria dizer. Ele sabia que Dante não participava do esquema do tio e revelar aquilo contribuiria para enfraquecer o vínculo entre ambos.

— …O nosso querido governador me procurou há seis meses atrás para um convite especial, recrutar mulheres de todas as formas para que pudéssemos levá-las à Europa e entregá-las a um fornecedor. Eu topei e ganhamos muito dinheiro, até que eu consegui um contato direto e o governador não ficou satisfeito por não ser o nosso mediador. Ele interceptou nossa última remessa, meu prejuízo foi de duzentos mil euros. Por isso, o sequestramos, eu só queria o meu dinheiro de volta.

Giovanni pareceu nervoso, começou a se defender de forma tão séria quanto o sobrinho:

— Dante, você ainda não estava preparado, por isso não contei sobre o esquema.

Dante levou a mão à cabeça, achando aquilo um absurdo.

— Porra! Tráfico e exploração de mulheres, eu realmente não estava preparado, pois jamais concordaria com tal absurdo.

— Depois a gente resolve isso… Dante, eu já disse, agora, vamos terminar com esse aí, temos assuntos mais importantes.

Aquele sorriso confiante de Sandro se desmanchou, dando lugar ao desespero por sua própria vida e, antes que não houvesse chance, usou sua última estratégia.

— Eu sei de algo importante para você, Dante…

O governador ficou ainda mais irritado e ordenou ao sobrinho:

— Mata esse filho da puta, agora!

No entanto, Dante se recusou, e Giovanni ficou perplexo, pois Dante nunca negava uma ordem sua. O havia adotado aos seis anos de idade, ele e sua esposa não conseguiram engravidar, tentaram de tudo. Giovanni não tinha sido um tio amoroso, na verdade havia feito de Dante seu soldado, sempre pronto para limpar suas sujeitas, obediente e solícito a todo momento.

Sandro continuou, acreditando que Dante pudesse poupar sua vida.

— É sobre o seu passado, seus pais.

Dante abaixou a arma.

Ele não se lembrava de sua infância, apenas sabia que seus pais foram mortos quando era uma criança e acabou entrando em choque. Por isso, suas memórias se perderam.

Giovanni começou a ficar nervoso com aquele diálogo e tentou impedir Sandro de falar.

— Não ouça esse bandido, Dante. Eu estou ordenando que o mate, caralho!

Mas Dante não entendia o porquê de aquele assunto deixar seu tio tão irritado e de alguma forma inseguro, por isso, decidiu ouvir Sandro.

Dante deixou claro:

— Você tem dez segundos para falar antes que o restante da minha paciência se esgote.

O tom rude e desesperado de Giovanni ecoou pelo galpão.

— Porra, Dante, não faça isso, não ouça esse merda!

No entanto, Sandro abriu a boca:

— Seu pai era funcionário do comando antigo do morro, há cerca de vinte e cinco anos Quando a polícia entrou para conter a guerra no morro, Giovanni já dominava tudo. Na época, também havíamos feito laços com a milícia para que nos deixassem em paz. E o nosso querido governador era apenas um policial, uma ponte entre nós e a polícia corrupta. Ele entrou na sua casa, roubou as anotações para entregar ao major da polícia, para subir de patente. Giovanni foi quem matou seu pai, e antes de matar sua mãe... — Sandro fez uma pausa e fitou o governador — ele a estuprou.

Dante recebeu aquela história consternado, mesmo com sua expressão enrijecida, era visível que aquilo o afetou imediatamente.

— Isso é mentira, meu sobrinho não vai acreditar nesta história. Chega, Dante, agora o mate.

As mãos de Dante seguraram forte a arma em suas mãos, sem expressar nenhuma emoção.

— Eu não tenho motivos para mentir, sei que vão me matar. Mas eu quero que Dante saiba quem é o tio que ele tanto venera. Sei que a versão que Giovanini conta é mais emocionante, de como o adotou. Mas não sei o que você viu naquele dia em que mataram seus pais, soube que o deixou em estado de choque. Se esforce, talvez tenha assistido ele comer sua mãe e depois estourar os miolos dela bem em frente ao seu pai. E no final, Giovanni ainda surgiu como um herói, que ainda o adotou.

Geovanni também se tratava de um homem frio, e naquele momento não era diferente. Não demonstrou nenhum pouco de remorso.

— Seu merda, eu mesmo vou te matar!— Geovanni ameaçou, lançando um soco em cheio em Sandro.

Ele caiu ao chão, gemendo de dor. Geovanni lhe chutou por várias vezes até que Dante o conteve.

— Pare!

Giovanni sempre controlou o sobrinho, então acreditava que agora não seria diferente, só precisa usar os argumentos certos.

— Isso foi há muitos anos, agora chega. Eu o criei, te dei uma chance de ter a porra da vida que tem hoje. Tenho certeza de que, se não o tivesse tirado daquele morro, hoje seria um vagabundo como esse aí.

Naquele momento, várias lembranças vieram à memória de Dante, sua criação havia sido extremamente rígida, Giovanni o privara de coisas comuns a uma criança e um adolescente, como amigos e passeios, sempre cheio de regras e punições severas mesmo em situações sem gravidade. Foi ferido, maltratado, até quando tirava notas ruins. Viveu uma vida de luxos e nunca lhe faltou nada, a não ser afeto.

Giovanni pediu a arma, e, como se estivesse no modo automático, Dante a entregou, e mesmo implorando pela vida, Giovanni atirou duas vezes em Sandro.

— Seu merda!

Malú mais uma vez se apavorou, além de tudo que ouviu, assistiu ao governador assassinar Sandro a sangue-frio. Precisou conter um soluço de desespero. Sua garganta fechou, apavorada. Quando pensou em fugir dali, um rato passou ao seu lado. Ela levou a mão à boca para abafar um grito, entretanto conseguiu tirar a atenção de todos.

O governador olhou em sua direção e ela se escondeu.

— Tem mais alguém ali — Giovanni argumentou, olhando para a pilha de paletes.

Sentindo todo seu corpo tremer de pavor, Malú não conseguiu se mover. Ficou ali acuada, feito um animal indefeso. Naquele momento, a surpresa maior foi a de Dante quando seus olhos a viram. Ele sabia a ficha completa de Malú, Pedro tinha lhe informado sobre tudo: que era formada em gastronomia e fazia uma especialização, não tinha condições de abrir seu próprio restaurante, por isso trabalhava como "souschef" com um amigo. Dante sabia tudo sobre ela, onde morava, onde trabalhava. E na primeira vez que viu uma fotografia dela na entrada da universidade, usando um macacão jeans justo, ele ficou mexido, não entendeu o motivo. Malú era bonita, pele morena, naturalmente bronzeada, um corpo atraente. Entretanto, ele estava acostumado a ter em sua cama mulheres mais sexy, por isso, não deveria se sentir atraído por ela. Agora, ela estava ali à sua frente, acuada, com seus olhos negros completamente dilatados em completo pânico.

— Merda! — bufou.

Ele foi até ela e a puxou pelo braço de forma rude, ela sentiu a mão forte de Dante lhe puxar com violência, a levando até Giovanni.

— Ora, temos uma convidada...

Ela não conseguiu falar, estava sufocada pelas lágrimas, sabia que agora certamente iria morrer.

Giovanni reclamou:

— Essa vadia me viu, ela viu o meu rosto. Você terá que matá-la, Dante!

O governador rosnou, devolvendo-lhe a arma ao sobrinho.

— Por favor, não... Eu não vi nada... Eu juro... — ela implorou, ainda presa na mão de Dante.

— Que diabos você está fazendo aqui?

Dante falou, apertando mais forte o braço de Malú. Ela gemeu sem conseguir responder à pergunta.

Giovanni perguntou:

— Suponho que seja a namorada do Nicolas?

— Não... — ela gritou — …Eu não sou namorada daquele maldito... Ele queria me levar à força para a Europa... Matou o meu pai... — tentou dizer aos prantos.

No entanto, Giovanni pareceu não se importar com suas palavras.

— Infelizmente, não poderá ser poupada... Que desperdício, tão jovem e linda. — Giovanni sorriu com malícia e se aproximou dela. — Talvez possamos nos divertir um pouco, antes de o meu sobrinho acabar com você…

As palavras em tom que ele usara incomodaram Dante de alguma forma. Já estava em seu limite, remoendo as palavras de Sandro, sobre ele ter estuprado sua mãe antes de matá-la, e Giovanni não negou, ao contrário, se engrandeceu pelo fato de tê-lo criado, feito dele seu soldadinho, sempre usado e manipulado. E Dante estava farto.

Ele viu Giovanni arrancar a jovem de seus braços e tentar beijá-la à força. Malú gritou em profunda angústia,porém logo Giovanni a soltou. Ela perdeu o equilíbrio e caiu ao chão enquanto ele ria.

— Infelizmente, não tenho tempo para isso… — Ele sorriu com malícia. — Mas talvez você queira aproveitar um pouco … Dante…

Falou, se virando de costas para ela.

De repente, um som alto ecoou nos ouvidos de Malú. Então, ela saiu do transe e compreendeu que Giovanni tinha levado um tiro.

Dante atirou em Giovanni que estava à sua frente. Um tiro certeiro no peito. O homem, de cerca de sessenta anos, caiu ao chão lentamente, agonizando enquanto os olhos dele fitavam os de Dante, tão gelados quanto as geleiras da Antártida.

O sangue desceu escorrendo sobre o terno caro do governador, e antes que ele tocasse o chão, suas últimas palavras soaram o nome de Dante enquanto fechava os olhos.

Naquele instante, Malu entrou em estado catatônico e sentiu seu corpo fraquejar enquanto perdia a consciência.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP