CAPÍTULO 29.
Fiquei uma semana me revezando entre ir ao trabalho e ficar em casa. Só para não pensar na perda do meu filho.
A sala de estar está envolta em um silêncio pesado, quase palpável, como se o ar estivesse carregado de memórias que insistem em não se dissipar. As paredes, pintadas de um tom cinza escuro, absorvem a luz que entra pelas janelas, criando sombras que dançam lentamente ao ritmo do meu movimento.
Estou aqui, sozinho, tentando encontrar alguma forma de escapar do peso da realidade. Coloquei uma camiseta velha e desgastada; a estampa já desbotou, mas é confortavelmente familiar. O tecido abraça meu corpo enquanto me preparo para o exercício. Um par de calças de moletom largas para me permitir mover sem restrições. Meus pés descalços tocam o chão frio, e isso é um pequeno alívio em meio ao calor da angústia que me consome.
Começo com algumas flexões. A cada descida e subida, sinto os músculos se contraindo e relaxando, como se a dor física pudesse tirar um pouco da dor emociona