CAPÍTULO 148.
Eu disse sim, mas queria dizer não.
Disse sim porque a sala estava cheia. Porque todos me olhavam como se já soubessem. Como se esperassem um gesto, uma palavra — e eu, bem treinado para não demonstrar fraqueza, fui mais uma vez o herdeiro perfeito. Frio. Prático. Impassível. Disse sim porque não queria que pensassem que eu tinha algum tipo de sentimento. Muito menos esse.
O olhar de todos me cava como uma pá entra na terra mole. Nery pergunta alguma bobagem e a conversa muda, gira, volta para a superficialidade das coisas inúteis. Alívio breve.
— Voltamos amanhã! — Nikolai solta como uma sentença.
— Como assim, pai?
— Você passou a virada do ano, o dia da família, vadiando por aí. Então vamos compensar com seu aniversário. Dois dias de comemoração — Lyuba acrescenta como quem prega um crucifixo na parede.
— Não é justo. Nem com Nery fizeram isso!
— Ei, em minha defesa, foram vocês que me mandaram pra Pérsia. Eu não saí da Rússia por livre e espontânea vontade!
A discussão é boba. Irr