Felipe
Ver Lorena daquele jeito me partia. Havia algo de devastador em vê-la tão abatida, frágil, sem o brilho que costumava ter nos olhos. A vontade que eu tinha era de pegá-la nos braços, prometer que tudo ficaria bem e não soltá-la mais. Mas eu sabia que precisava manter uma certa distância — por ela, e por mim.
Ainda havia dúvidas. Ainda havia o peso do que aconteceu entre nós da última vez que ela esteve na minha casa. Ela tinha saído com medo, e isso me atormentava. Eu nunca quis ser alguém que ela temesse. Eu queria que ela confiasse em mim. E, no fundo, eu também queria poder confiar nela de novo.
Ver que ela aceitou ficar no meu apartamento já era um avanço. Quando ela pediu ajuda para arrumar o cabelo, foi um gesto simples, mas significativo. Fiquei feliz em poder cuidar, ainda que de um jeito contido, silencioso.
Antes de sair para o trabalho naquela manhã, preparei algo para ela comer e deixei um bilhete sobre a bancada, dizendo que voltaria o quanto antes. Eu me peguei re