Lorena
Eu me olhava no espelho e, pela primeira vez em semanas, me reconhecia. Ainda havia algumas marcas, é verdade — manchas roxas que o tempo não tinha apagado completamente —, mas agora eu conseguia escondê-las com maquiagem. Era o que eu fazia todas as manhãs, antes de sair do quarto.
Felipe tinha sido fundamental nesse tempo. Me ajudou com tudo, até nas horas mais constrangedoras, como quando eu precisava de ajuda para tirar a roupa e tomar banho. No começo, eu morria de vergonha. Sentia o rosto queimar só de pensar que ele estava me vendo daquele jeito — machucada, vulnerável...
Mas o olhar dele… nunca foi de desejo. Era de dor, de pena... Eu via isso toda vez que ele reparava nas minhas marcas. Ele olhava e respirava fundo, como se aquilo o destruísse por dentro. E, por mais que parte de mim desejasse que aquele olhar fosse outro, eu sabia que não podia esperar isso dele.
Ele não confiava em mim. E como poderia? A última vez que estivemos juntos, ele acreditava que eu tinha me