Adam e Ana chegaram a uma pequena vila no sopé das montanhas. Casas simples, gente que não fazia perguntas, que conhecia o valor do silêncio. Ali, encontraram abrigo em uma cabana isolada, cercada por pinheiros antigos e neve.
A cabana tinha cheiro de madeira e fumaça. Uma lareira, uma cama de casal, um fogão a lenha. Nada mais. Mas para eles, era o paraíso.
— Aqui. — Disse Adam, os braços ao redor de Ana. — Aqui vamos recomeçar.
Os dias se tornaram rotina de esperança. Adam caçava, Ana cuidava do pequeno jardim ao redor da casa. E quando a noite chegava, o fogo da lareira aquecia não só o corpo, mas a alma. Os beijos voltaram a ser de amor, não só de desespero. As carícias, ternas. Os corpos, novamente refúgio um do outro.
O ventre de Ana começou a se arredondar. Um filho. O futuro.
Mas nem o amor mais forte pode deter o passado que se recusa a morrer.
Nas noites em que a neve caía pesada e o vento fazia as janelas tremerem, Adam sonhava com Severian. Sonhava com o templo nas ruínas,