O cheiro de fumaça ainda grudava nas roupas de Ana enquanto ela se encolhia no banco do passageiro, o olhar fixo na estrada que se perdia entre os pinheiros. O incêndio da estalagem havia sido um aviso — e não um sutil. Era uma mensagem que dizia, com todas as letras, "Sabemos onde vocês estão. Sabemos o que estão fazendo. E vamos terminar o que começamos."
Adam dirigia em silêncio. Os olhos escuros estavam fixos na linha do horizonte, mas seus pensamentos estavam a milhares de quilômetros dali. Ou anos. Era como se algo dentro dele tivesse sido reativado — uma memória esquecida, enterrada, mas que agora sussurrava como um cadáver que se recusa a descansar.
— Vamos para onde agora? — Ana quebrou o silêncio, a voz rouca da fumaça e do medo.
— Um lugar que ninguém conhece. Nem você.
Ela virou o rosto para ele, confusa.
— Como assim?
Ele não respondeu.
E isso foi o suficiente para que o silêncio entre eles ganhasse peso de chumbo.
Quando chegaram, o céu estava cinzento, carregado de chuv