O sábado amanheceu tímido, com uma névoa fina cobrindo os telhados de Paris e o som dos sinos da igreja ao longe desenhando o tempo com delicadeza.
Allegra acordou antes de todos.
Vestiu o moletom mais velho que encontrou, prendeu o cabelo num coque bagunçado e desceu para preparar café. Louis a seguiu, espreguiçando-se como um rei exausto de reinar.
O apartamento estava silencioso, exceto pelo chiado da cafeteira e o tilintar da colher contra a xícara.
Na mesa, espalhou os papéis com os convites que recebeu depois de Barcelona:
Lisboa. Berlim. Viena. A Bienal de Veneza. Uma residência artística em Reykjavik.
O e-mail da universidade de arte em Milão.
O projeto da editora espanhola.
A proposta da galeria de Marselha para uma mostra conjunta com artistas mulheres da América Latina.
Era como se o mundo todo estivesse tentando atravessar a porta.
Mas ela ainda não sabia qual abrir primeiro.
Quando Lucca acordou, encontrou Allegra sentada no chão da sala, rodeada de anotações e com as mão