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Capítulo 6 – A Sombra do Passado Tem Nome

A carta ainda estava sobre a mesa quando ele chegou.

Lorenzo entrou sem bater, com um envelope grosso nas mãos e uma expressão que me gelou até os ossos.

— Chegou isso agora. Direto da França. Não tem remetente, mas o selo é do grupo Corsaire.

Dante parou.

Os dedos travaram sobre o papel.

Merda — ele murmurou, antes mesmo de abrir.

Peguei o envelope de suas mãos.

— Quem são eles?

— Mercenários. Leais ao maior inimigo que já tive.

— E quem é?

Ele hesitou.

— Giulia.

A Giulia?

— A mulher que eu amei. A mulher que me traiu. A mulher que… deveria estar morta.

Abri o envelope. Dentro, uma única foto.

Tirada com um celular.

Granulada, torta, mas clara o suficiente para doer.

Era uma imagem minha.

Na janela do quarto.

De robe de seda, cabelo solto, olhando pra fora.

Atrás, em letras desenhadas com sangue sobre o vidro:

“Não é ela que te pertence.”

— Ela tá viva — disse eu, num sussurro.

Dante passou a mão pelos cabelos, andou pelo salão como um animal enjaulado.

— Ou alguém quer que eu pense que está.

— Você já viu esse tipo de recado antes?

— Sim. Antes de meu pai ser morto.

— Ela mandou matar seu pai?

Ele assentiu, os olhos vermelhos de fúria contida.

— Giulia não era só minha noiva. Era infiltrada.

Uma filha bastarda de um clã rival.

Se aproximou de mim pra destruir tudo por dentro.

— E agora… ela quer me destruir pra recomeçar de onde parou?

— Ela quer me lembrar de que ninguém me pertence.

Nem mesmo você.

Naquela noite, a mansão ficou em estado de alerta.

Armas foram limpas.

Homens foram chamados.

Câmeras, verificadas.

E eu… me tranquei no banheiro com a carta nas mãos.

Giulia.

A ex que traiu.

A ex que talvez ainda estivesse viva.

A mulher que ele amou.

Me olhei no espelho.

— Você vai perder pra um fantasma? — murmurei.

A resposta veio com um estalo na porta.

— Serena? — era Dante.

— Estou bem.

— Preciso que você fique no quarto. Vamos até Roma amanhã.

— Roma?

— Tenho que visitar o arquivo dos Morelli. Há um nome escondido. E ele pode nos levar a ela.

— Você ainda acha que pode matar ela?

Ele se calou.

— Acho… que não posso deixar que ela me mate de novo.

Roma era tão linda quanto letal.

A sede subterrânea dos Morelli ficava sob uma vinícola. Uma entrada secreta entre barris e cheiro de uva fermentada.

Ali dentro, tudo era concreto, aço e arquivos.

Caixas com segredos.

Registros de guerra.

— Aqui ficam os códigos de todas as execuções, alianças e traições da última década — explicou Lorenzo.

— Parece… sagrado.

— É. E como tudo que é sagrado, é também um campo minado.

Enquanto Dante mexia nos arquivos, sentei-me perto de uma mesa coberta de pastas.

Peguei uma, por curiosidade.

Meu sangue gelou.

— O que é isso?

— Registros dos mortos da guerra de Florença.

Luca estava lá.

Meu irmão.

Meu nome escrito como “recurso pacificador: objeto de aliança”.

— Vocês me chamaram de objeto? — perguntei, engolindo a bile.

— Serena… — Dante tentou se aproximar.

— É isso que sou pra você? Uma ficha? Um número de controle?

— Não é assim.

— Então como é?

— Quando aceitei te tomar como esposa, era só estratégia.

Mas depois…

— Depois o quê?

— Você virou o único erro que eu não consigo desfazer.

Foi naquele instante que um som ecoou nos túneis.

Baixo. Mecânico.

Porta trancada.

Sistema travado.

Estamos cercados.

Dante sacou a arma.

Lorenzo gritou:

— Câmeras desativadas!

— Saiam daqui! — Dante me empurrou para um canto, puxando uma grade falsa da parede.

— Uma saída de emergência. Rápido!

Mas antes que conseguíssemos entrar, uma silhueta surgiu no fim do corredor.

Alta. Elegante.

De vestido vinho e olhos como navalha.

Bonsoir, Dante.

Era ela.

Giulia.

Viva.

— Como…? — ele murmurou.

— O inferno não quis me segurar — respondeu ela. — Você deveria saber.

Fui feita pra voltar.

Ela me olhou.

Sorriu com desprezo.

— E essa é a substituta?

Frágil. Ingênua.

Com cara de quem ainda acredita em promessas?

— Cuidado com o que diz — respondi, firme.

— Oh, minha querida.

Eu não vim acabar com você.

Eu vim lembrar ele… de quem é o verdadeiro veneno.

Ela tirou algo da bolsa.

Um colar.

Era o mesmo colar que vi no peito dele uma vez.

Com o nome dela gravado.

Ela jogou aos pés dele.

— Você vai lembrar de mim, Dante.

Nem que seja pelo gosto da ruína.

E desapareceu no escuro.

Corremos.

Silêncio.

Ar queimando nos pulmões.

Lá fora, na luz da manhã, o mundo parecia intacto.

Mas tudo tinha mudado.

De volta ao carro, com os pneus cantando na estrada, Dante estava calado.

A boca dura.

Os olhos em fogo.

— Vai me dizer que ela ainda não mexe com você?

Ele virou o rosto.

— Ela é só uma sombra.

— Mas é uma sombra que você nunca superou.

— E você?

Você me beijou. Dormiu comigo.

E agora carrega isso como uma maldição?

— Não.

— Então por que está com medo?

— Porque talvez… eu tenha me apaixonado pelo homem que ela criou.

Silêncio.

Dante parou o carro no acostamento.

Virou-se para mim.

— E se esse homem… também estiver se apaixonando por você?

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