A manhã nasceu cinza sobre a colina Morelli.
O céu ameaçava uma tempestade que parecia pressentir o que viria.
No jardim, Lucia observava as nuvens.
Calada.
Imóvel.
Como se escutasse algo além do vento.
— Você está diferente — disse Adriana, aproximando-se devagar.
Lucia piscou, devagar.
— O que quer dizer?
— Está mais… quieta.
Como quem sente que já sabe o que vai acontecer.
Lucia virou-se para ela.
— E se eu souber?
E se alguma parte de mim já tiver vivido isso… numa vida que não lembro?
Adriana não riu.
Nem desacreditou.
— Então é melhor estarmos prontos, não?
—
Dentro da mansão, Serena fechava o último envelope.
Cartas escritas à mão para cada nome de confiança em sua rede.
— Está organizando seus últimos atos? — perguntou Lorenzo.
— Estou nomeando a sucessora.
Se algo acontecer comigo…
Lucia assume.
— Ela ainda não entende as regras.
— Ela vai aprender.
Como eu aprendi.
Lorenzo hesitou.
— Você tem certeza que ir até Cesare é a melhor jogada?
Serena respirou fundo.
— Não.
Mas é a