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Capítulo 4 – O Don em Carne e Sangue

O quarto estava escuro, mas meu corpo inteiro sabia que ele ainda estava acordado.

Dante não dormia fácil.

Don nenhum dorme.

Talvez fosse o peso de carregar tantos nomes mortos nas costas.

Talvez o medo de se permitir fraquejar por um segundo — e acabar com uma bala na cabeça.

Naquela madrugada, virei no colchão, olhando para a sombra que era ele.

— Quem você acha que tentou me matar? — perguntei, num sussurro.

Silêncio.

— Dante?

— Eu já sei quem foi — ele respondeu, a voz mais grave do que o habitual.

— Como?

— Rastreadores, câmeras internas, padrões de movimentação… e desconfiança.

— Vai entregá-lo à justiça? — perguntei, amarga.

Ele se virou. Os olhos encontraram os meus.

— Eu sou a justiça, Serena.

No dia seguinte, a casa estava estranhamente silenciosa.

As criadas andavam com a cabeça baixa.

Os seguranças não cruzavam os olhos.

Algo estava acontecendo — e eu não fui convidada a saber.

Fingi que não percebi. Mas quando Lorenzo passou apressado pelo corredor, segui seus passos.

Eles desceram para o subsolo.

Para além da sala de reuniões.

Um lugar onde, até então, eu não sabia que existia.

Me escondi atrás de uma pilastra. E ouvi.

— Você teve sua chance, Marco — disse Dante, calmo demais.

— Don, eu juro… não fui eu…

— Você forneceu os horários da casa. Os trajetos dela. E acessou o sistema de vigilância da torre norte.

— Eu… eu só obedeci ordens!

— De quem? — Dante perguntou, sem se mover.

— Eu não posso…

Um estalo seco.

O som de um soco direto.

Marco caiu no chão com um gemido.

Meu estômago revirou.

Não pelo sangue.

Mas pela frieza.

— Eu dei a você comida, abrigo e uma farda.

E você tentou matar minha esposa.

Isso é traição.

E traição… tem apenas uma punição.

— Dante, por favor…

Um tiro. Curto. Preciso. Silenciado.

O corpo de Marco caiu sem cerimônia.

Lorenzo puxou um lenço e limpou o sangue que respingou nos sapatos de Dante.

— Cuide disso — ele disse, já se virando para sair.

Eu recuei, coração acelerado, mente em choque.

Mas antes que eu escapasse, ele me viu.

— Serena.

A voz dele não era brava.

Era decepcionada.

— Está me seguindo?

— Não. Eu… eu só desci.

— E viu demais.

— Eu já sabia que você era um assassino.

— Não. Você imaginava. Agora você viu.

Silêncio.

— E então? Vai me odiar mais agora?

— Eu não sei — respondi, com a voz tremendo. — Mas talvez... agora eu finalmente acredite em tudo que dizem sobre você.

— E o que dizem?

— Que você não tem alma.

Ele se aproximou. Devagar.

Como se não quisesse assustar.

— Eu a perdi. No mesmo dia em que deixaram Giulia sangrando em um beco de Florença.

— Você a amava?

— Eu a mataria se ainda estivesse viva — respondeu, a boca dura. — Porque ela me traiu.

Mas sim. Eu a amei.

— Então é isso o amor pra você? Uma corda em volta do pescoço?

Ele deu um passo ainda mais perto.

E me olhou com algo que parecia um furacão contido.

— O amor, Serena… é a única coisa capaz de quebrar um homem como eu.

Por isso eu fujo dele.

— E acha que pode fugir de mim?

— Não — ele sussurrou. — E é isso que me apavora.

Naquela noite, sentei na beira da cama com as mãos trêmulas.

Eu não sabia mais onde começava o ódio e terminava a... curiosidade.

Ele me atraía.

E me assustava.

Mas, mais do que tudo, ele sabia disso.

— Você vai se arrepender de me querer — disse ele, parado na porta do quarto.

— E você vai se perder se começar a me desejar — respondi, firme.

Ele caminhou até mim.

Devagar.

Cada passo, uma provocação.

Parou diante de mim, o olhar mergulhado em algo que parecia febre.

— Por que ainda não fugiu?

— Porque, de algum modo doentio… eu quero ver onde isso vai dar.

Ele se abaixou, ficou na minha altura.

— Sabe o que me mantém acordado à noite, Serena?

— O medo de amar?

Ele sorriu. Um meio sorriso perigoso.

— O pensamento de que, se eu te perder… talvez não sobre nada de mim.

E então, ele se inclinou.

Mas não me beijou.

Apenas encostou a testa na minha.

— Quando esse beijo acontecer — sussurrou —, vai ser no meio da ruína.

Porque eu vou te destruir.

E você… vai me amar mesmo assim.

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