Capítulo 15: Gosto de remédio.

O vento cortava meu rosto na moto, mas não limpava o caos na minha cabeça. Leo agarrado às minhas costas era ao mesmo tempo meu porto seguro e a tempestade. A foto de Ricardo Mendes queimava na minha mente. Meu pai sabia. Sabia onde sobre a ligação dos dois, e ainda assim o matou. Chegar ao hospital, foi um soco no estômago depois da adega e dos biscoitos.

— Vai com a Clara — disse, tentando soar normal, encaminhando Leo para a colega de plantão que já esperava com um carrinho de exames. — Vou aproveitar e… comprar umas roupas pra você. As minhas estão ridículas em você.

Ele me olhou, os olhos vermelhos impenetráveis. Clara, sempre eficiente, já o levava pelo corredor.

Comprar roupas foi um ato mecânico. Calça jeans, camisetas básicas, cuecas, meias. Coisas práticas. Mas a cada peça dobrada na sacola, a pergunta martelava: O que Clara está perguntando agora?

Quando voltei, o corredor estava silencioso. Aproximei-me do quarto dos exames.
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