Valéria Narrando.
O tempo parecia correr em círculos dentro da casa. O café da manhã ainda pesava no meu estômago, não pela comida, mas pelo clima. Bastou eu mencionar que esperaria Eduardo para que Matheus fechasse a cara, e o silêncio denso voltou a cair sobre todos nós. Ele saiu quase bufando, e eu fiquei ali, ajeitando meu vestido, tentando manter a calma por fora, mesmo com o coração inquieto.
Mas Eduardo não demorou. Alguns minutos depois, ouvi seus passos firmes e aquele jeito tranquilo de entrar sem fazer alarde. Sorri automaticamente quando ele apareceu. Era como se sua presença tivesse a capacidade de aliviar um pouco a atmosfera pesada que sempre pairava naquela casa.
— Pronta? — perguntou, com aquele tom simples, quase habitual.
— Pronta. — respondi, ajeitando a bolsa no ombro. — Vamos?
Saímos juntos, e no caminho até o carro, senti que precisava abrir a boca, antes que o silêncio me engolisse.
— Eduardo… — comecei, a voz hesitante. — Preciso te contar o que acontece