O sábado amanheceu com o céu azul, sem nuvens, como se até a natureza tivesse decidido colaborar com a farsa que Isadora Monteiro estava prestes a encenar.
No quarto, o silêncio foi interrompido pelo som constante do secador de cabelo. Isadora estava diante da penteadeira, com o rosto iluminado pelas lâmpadas ao redor do seu espelho. Os cabelos escuros caíam em ondas perfeitamente alinhadas sobre os ombros, e o vestido que escolhera era longo, de seda vermelha, com decote elegante em V e costas abertas que já estava pendurado à espera. O colar de pérolas, herança da avó, repousava sobre o tampo, reluzindo sob a luz suave.
Atrás dela, Henrique ajeitava a gravata diante de um espelho de corpo inteiro. O terno escolhido era preto, cortado sob medida, a camisa branca engomada ressaltando o bronzeado da pele. O perfume amadeirado que havia insistido em comprar naquela semana impregnava o ar, misturando-se ao aroma doce do perfume de Isadora.
— Não vai se atrasar, não é? — ela perguntou, se