O despertador do celular de Isadora tocou às seis e meia da manhã. Ela já estava acordada, sentada diante da penteadeira, terminando de passar batom e ajeitar os cabelos. O reflexo no espelho mostrava seus olhos ainda ligeiramente vermelhos da noite anterior, resultado do sonho perturbador que preferia enterrar nas profundezas da mente.
Atrás dela, Henrique dormia pesado, deitado de barriga para baixo, um braço largado fora da cama e os cabelos desalinhados caindo sobre a testa. O peito subia e descia num ritmo preguiçoso, completamente alheio.
Isadora respirou fundo. Precisava acordá-lo. Mas como? Sacudi-lo parecia pouco… e ela não tinha intenção de gastar delicadeza com o traste.
Levantou-se, caminhou até a cama e puxou o travesseiro debaixo da cabeça dele de uma vez.
Henrique soltou um grunhido arrastado e abriu um olho, ainda meio adormecido.
— O que foi? Assalto? Terremoto? Invasão alienígena?
— Nada disso. — respondeu Isadora, friamente. — Temos que sair em menos de meia hora.