Olivia Narrando
Eu piscava... e lá estava o corpo do Talisson despencando pela escada como se fosse feito de pano. O som surdo da queda. O sangue. Os gritos. Aquilo ficou gravado em mim como uma tatuagem emocional, difícil de apagar.
Já fazia horas. Mas cada vez que eu fechava os olhos, era como se estivesse vendo tudo de novo.
Eu chorava em silêncio. Encostada naquela cadeira gelada do hospital, com a cabeça no ombro de Otávio. Ele passava a mão pelos meus cabelos com calma, tentando me consolar.
— Ele vai ficar bem, amor — disse, baixo, com a voz cansada. — Ele é forte. Ele vai sair dessa.
Eu queria acreditar. Mas o medo apertava meu peito de um jeito que eu mal conseguia respirar.
Foi quando Ernesto se aproximou, com a expressão carregada, amarga, como sempre.
— Não era preciso vocês estarem aqui — ele disse, seco. — Depois de tudo que aconteceu…
Otávio respirou fundo antes de responder. Com calma, mas firmeza:
— Eu não me importo com o que aconteceu entre a gente. Taliss