Continuação.
A noite já tinha caído quando a mansão surgiu diante dos meus olhos.
Voltar ali, depois de tudo, era como caminhar para dentro de um incêndio — mas com o coração pulsando mais forte do que nunca. Ainda sentia a barriga, mais viva do que nunca, como se os dois pequenos dentro de mim me dessem coragem.
Entrei. A casa estava silenciosa, escura, como se sentisse a minha presença.
Não demorei a subir. A porta do nosso quarto ainda estava entreaberta. Sentei na beira da cama e esperei. Com os papéis de divórcio ao meu lado. Com o peito em brasa.
Minutos depois, ouvi o carro.
A porta da frente se abrindo.
Os passos pesados dele pelo corredor.
Quando ele apareceu, com as mangas da camisa dobradas, a gravata frouxa e o rosto abatido... por um momento, meu coração quis perdoar tudo.
Otávio estava irreconhecível. Olheiras profundas, a barba por fazer, mais magro, o olhar vazio. Ele me viu ali, parada, e parou por um segundo. Depois avançou rápido, como se o mundo estivesse