Olivia Narrando.
O cheiro do hospital me trazia lembranças que eu preferia esquecer. Lembranças de noites em claro, dores que o corpo não explicava e silêncios que gritavam dentro de mim. Sentada na cama, com os braços envoltos nos próprios joelhos, eu tentava controlar a respiração. Era irônico: o lugar onde eu devia me sentir em recuperação era o mesmo que me fazia lembrar o quanto eu estava quebrada.
Laura entrou no quarto com aquele jeitinho calmo de sempre. Sorriso discreto, olhar preocupado.
— Como você tá? — ela perguntou, puxando a cadeira para perto da cama.
Fiquei em silêncio por alguns segundos antes de responder. Quando falei, minha voz saiu baixa, quase sussurrada.
— Eu não tô.
Ela franziu a testa.
— O ataque de pânico de ontem foi muito forte, Olívia. Você precisa se cuidar, precisa descansar a mente. E principalmente... precisa desabafar. Você tá guardando muita coisa aí dentro.
Respirei fundo. Não era fácil falar. Mas era pior ainda continuar carregando aquilo