Otávio Narrando.
A confusão parecia ter congelado o tempo. Só percebi o que estava acontecendo quando vi Olívia emergindo da piscina, encharcada, com o vestido grudado ao corpo e o olhar perdido. As pessoas ao redor olhavam, riam, cochichavam… como sempre fazem diante da desgraça alheia.
Caminhei rápido até a beirada e estendi a mão pra ela.
— Me dá a sua mão, Olívia — pedi, com a voz baixa, mas firme.
Ela hesitou por um segundo… parecia entre a vergonha e o orgulho ferido. Mas acabou segurando minha mão com força, e eu a ajudei a sair da água, tentando cobri-la com meu paletó na mesma hora, como se aquilo fosse capaz de devolver a ela alguma dignidade.
— Tá tudo bem... — murmurei, mais pra mim do que pra ela. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ouvi um grito desesperado vindo do outro lado.
— Alice! — alguém chamou.
Virei para trás no mesmo instante e a cena me acertou como um soco: Alice caindo desacordada, no meio de um grupo de gente apavorada.
Solt