Continuação.
O resto da manhã passou arrastado. Cada vez que o telefone tocava ou alguém batia na porta da minha sala, eu esperava que fosse ela.
E, claro… era.
Olívia entrou com uma pilha de relatórios pra eu assinar. A postura impecável, o salto batendo com força no chão, o olhar fixo nos papéis… como se eu fosse só mais uma tarefa burocrática no dia dela.
Mas eu conhecia cada uma daquelas expressões. A forma como ela evitava olhar pra mim era o jeito mais claro de dizer que ainda estava remoendo tudo.
Peguei os documentos das mãos dela, mas antes que ela saísse, falei:
— Não vai perguntar se eu estou bem?
Ela parou na porta, sem se virar.
— Achei que você já tinha assistência suficiente pra isso — respondeu, com veneno na voz.
Levantei o olhar, estreitando os olhos.
— Está falando da Alice?
Ela deu um sorriso cínico, ainda de costas pra mim.
— Você largou tudo… e todos… por ela ontem. Não lembra?
Antes que eu pudesse responder, ela saiu, batendo a porta com mais força