Capítulo 32 - Jantar.

Marina Salles

Enquanto a gente caminhava pela rua da casa do Dante, eu não sabia se prestava mais atenção nas casas elegantes ou na vista surreal do mar, que parecia ter saído direto de um catálogo de viagens. Era tudo tão bonito, tão silencioso e tão seguro que minha mente, por reflexo, começou a inventar memórias que nunca existiram.

Imaginei como teria sido crescer ali. Brincar com primos nessa rua tranquila, correr entre os jardins das casas vizinhas, voltar pra casa com os pés sujos e a pele queimada de sol, sem que ninguém estivesse preocupado demais com a vida alheia. Quase consegui me ver mais nova, gritando com outras crianças e fazendo castelinhos de areia como se aquilo fosse a maior conquista do mundo.

Um sorriso escapou antes que eu conseguisse segurar.

— O que foi? — a voz do Dante quebrou meus devaneios.

Balancei a cabeça, ainda meio presa nas imagens que minha mente inventou.

— Nada demais… só estava pensando em como deve ter sido legal crescer num lugar assim — falei
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