Marina Salles

Assim que o carro parou diante do hotel, o silêncio entre nós pesou por um instante, espesso como o ar antes de uma tempestade. Dante virou o rosto na minha direção, seus olhos me capturando de um jeito que fazia até os ponteiros do tempo parecerem desacelerar.

Seu olhar era firme, intenso — daquele tipo que não pede, exige. E mesmo sem levantar a voz, ele sempre parecia no controle.

— Não esqueça de me mandar os horários que você prefere viajar até às oito. — A ordem saiu com aquele tom baixo e rouco dele, uma mistura de autoridade e cuidado disfarçado. A voz de quem não aceita ser ignorado, mas também de quem já se preocupa demais para admitir.

— Ok — murmurei, com um meio sorriso. — Assim que eu chegar no quarto, te mando.

Ele assentiu devagar, como se confirmasse um pacto silencioso entre nós dois. Em seguida, sua mão encontrou meu rosto com uma precisão quase ensaiada. Os dedos deslizaram da minha mandíbula até minha bochecha, onde pararam, firmes. Ele me puxou para