Capítulo 13 - Às vinte.
Marina Salles
O silêncio dentro daquele carro não era qualquer silêncio. Tinha peso. Tinha cheiro. Tinha cor.
E me deixava inquieta.
Não porque estar com ele fosse desconfortável — pelo contrário. O problema era justamente esse: a paz que eu deveria sentir ao lado de um estranho, eu não sentia. O que eu sentia era um turbilhão de impulsos confusos. Sentia meu corpo se moldar ao clima tenso entre nós, como se minha pele tivesse aprendido a reagir à presença dele sem minha permissão.
Dante Bianchi exalava o tipo de energia que fazia a pele arrepiar e o juízo vacilar. Tinha aquele magnetismo bruto, arrogante e sensual de quem carrega poder nos ombros e pecado na língua.
Uma parte minha — a parte mais racional, treinada pra enxergar risco com olhos jurídicos — queria correr. Ele era o tipo exato de homem que acendia meus alertas: olhar calculado, fala medida, presença que invade.
Desde a faculdade eu tinha esse radar aguçado. Mentiras, omissões, intenções mal escondidas… tudo salta