O quarto do hospital era pequeno, iluminado apenas por uma luz suave no teto. O sol ainda nem tinha se levantado por completo, e mesmo assim eu já estava desperta, sentada na poltrona ao lado da cama de Nando, observando cada movimento do seu peito subindo e descendo com dificuldade. O soro pingava lentamente no acesso em seu bracinho fino, e o oxigênio leve no nariz fazia um barulhinho constante. Era doloroso vê-lo assim, tão frágil, sem energia, sem aquele sorriso que sempre iluminava meu dia.
Suspirei e peguei o celular. Eram duas e vinte da manhã. Sabia que precisava ligar para o Enzo, não podia simplesmente desaparecer do trabalho sem dar satisfação, ainda mais agora, com uma reunião importante marcada para hoje. Respirei fundo e disquei o número dele.
— Ana? — a voz dele atendeu, ainda um pouco sonolenta. — Está tudo bem?
— Enzo... eu sei que é muito cedo, me desculpa — falei, tentando manter a voz firme. — Preciso pedir dois dias fora do trabalho.
Houve uma pausa.
— Dois dias?