Voltar ao trabalho depois de duas semanas longe foi como abrir as janelas de uma casa fechada por tempo demais. O ar estava lá, mas ainda carregava o peso da ausência. A pilha de documentos sobre minha mesa, os e-mails acumulados, o telefone que não parava de tocar... Tudo parecia me lembrar que o mundo continuava girando, mesmo quando a gente quer congelar o tempo.
Sentia saudade da rotina, do caos organizado do escritório, da sensação de utilidade que o trabalho me dava. Mas também sentia saudade do silêncio que só o quarto de hotel com Nando e Enzo me oferecia. Ainda conseguia ouvir os gritos de “Parque!” ecoando na minha memória e o riso de Enzo me embalando entre um projeto e outro.
Estava encerrando uma videoconferência importante quando Camile bateu na porta, com aquele jeito educado, mas hesitante, que ela só usava quando algo estava fora do comum.
— Ana... tem uma visita.
— Agora? — franzi a testa, ainda digitando as últimas observações da reunião.
— Sim. Ela insistiu que era