Ana Luiza Martinelli
O último dia sempre vem rápido demais.
Acordei com o cheirinho de pipoca doce no cabelo cortesia de ontem à noite no parque e o som suave da respiração de Nando, que dormia entre mim e Enzo como se fosse o rei do universo. E bem… para nós, ele era mesmo. Nosso pequeno rei. Nosso menino de sorriso fácil e gargalhadas barulhentas.
Tentei não rir ao lembrar que, na noite anterior, ele literalmente implorou para dormir com a gente, prometendo que não chutaria ninguém durante a madrugada. Spoiler: chutou. Enzo levou uma rasteira no meio do sono e quase caiu da cama. Claro que depois ele ficou rindo sozinho por meia hora e eu quase fiz xixi de tanto rir com a cena.
O sol filtrava pelas frestas da cortina, e a cidade começava a se mexer lá fora. Mas aqui dentro, no nosso pequeno mundo de hotel, o tempo parecia querer se esticar um pouco mais.
— Bom dia — sussurrei para Enzo, que abriu os olhos e sorriu daquele jeito preguiçoso que fazia meu estômago fazer piruetas.
— Bo