Capítulo 05

Ana Luiza Martinelli 

Meu despertador tocou pela quinta vez, e eu ainda me recusava a levantar. Na verdade, eu não queria encarar Enzo. Por que o destino resolveu ser cruel comigo e colocar o cara que já foi o amor da minha vida e, ao mesmo tempo, me destruiu no local onde trabalho?

Como vi que não poderia enrolar mais, levantei-me e me arrastei até o banheiro. Após fazer minha higiene matinal, fui à minha cafeteria preferida e comprei um café bem grande e um donut. Terminei tudo e voltei para o carro, pus uma música animada e, ao chegar à empresa, estacionei. Fiquei uns dez minutos dentro do carro, debruçada sobre o volante, e, de repente, ouvi batidas na minha janela. Quando levantei a cabeça, vi que era meu amigo.

— Vamos, minha diretora executiva. — Ele disse sorridente, e eu revirei os olhos.

— Acho que vou inventar alguma emergência e voltar para casa. — Digo enquanto saio do carro.

— Tudo isso é para evitar o nosso CEO? — Ele perguntou, ainda sorrindo.

Revirei os olhos e balancei a cabeça. Nunca faltei ao trabalho, e não faria isso agora. Já que não posso evitá-lo, vamos encarar a situação.

— Confessa que é por causa do nosso CEO? — Ele insistiu.

— Não tenho nada para confessar, Mu. Vamos trabalhar que ganhamos mais.

Meu amigo me encarou, sorrindo de forma divertida. Ele percebeu que aconteceu algo entre Enzo e eu, mas não quero contar agora. É muito drama para relembrar.

Assim que cheguei à minha sala, Camile me avisou que Enzo gostaria de falar comigo. Agradeci a ela enquanto respirava fundo antes de ir até sua sala.

Respirei fundo antes de bater na porta. Meu coração estava acelerado, mas me recusei a demonstrar qualquer indício de nervosismo. O som das minhas batidas ecoou pelo corredor silencioso e, em poucos segundos, ouvi sua voz familiar do outro lado.

— Entre. — Ele disse, e eu imediatamente girei a maçaneta.

Ao entrar, Enzo sorriu para mim, um sorriso cheio de algo que eu não quis identificar. Seu olhar percorreu meu rosto como se tentasse decifrar meus pensamentos antes mesmo que eu dissesse algo.

— Bom dia, Ana Luiza. — Sua voz era calma, mas carregava algo mais, algo que me incomodava.

Cruzei os braços e o encarei, sem paciência para joguinhos.

— O que você precisa? — Minha voz saiu firme, sem rodeios.

Ele ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo, e inclinou-se levemente para frente.

— Esse é o jeito de falar com o seu CEO? — Ele provocou, e eu tive que me segurar para não revirar os olhos pela milésima vez.

— Vamos direto ao ponto, Enzo. Não tenho tempo para isso. — Suspirei, tentando me manter impassível.

— Ainda te afeto, não é? — Ele disse, divertido, e aquilo me fez revirar os olhos de verdade dessa vez.

— Eu vou voltar para minha sala. — Falei, já me virando para sair, mas ele foi mais rápido.

— Sente-se, Ana Luiza. Precisamos conversar. — Sua voz agora era firme, com um tom mais sério.

Hesitei por um momento. Tudo dentro de mim gritava para ignorá-lo e sair dali, mas meu profissionalismo falou mais alto. Bufei discretamente e me sentei na cadeira em frente à sua mesa.

— Espero que essa conversa seja realmente sobre a empresa. — Cruzei as pernas e o olhei com seriedade.

— Claro que é. — Ele disse, pegando alguns papéis sobre a mesa. — Temos algumas mudanças importantes acontecendo, e, como diretora executiva, você precisa estar ciente de cada uma delas.

Passei os olhos pelos documentos enquanto ele começava a falar sobre reestruturação, novas diretrizes e algumas fusões que estavam sendo estudadas. A cada informação, me mantinha focada, absorvendo tudo e ignorando ao máximo a presença dele.

— Você sempre foi dedicada. — Ele comentou de repente, desviando o assunto do profissional para algo mais pessoal.

Levantei o olhar, arqueando uma sobrancelha.

— O que disse?

— Sempre soube que você chegaria onde chegou. Você é incrivelmente esforçada. — Ele sorriu de lado, e, por um segundo, senti aquele velho calor subir pelo meu peito.

Mas me recusei a ceder, não podia ceder, não para ele.

— Obrigada. — Respondi curta, voltando a olhar para os papéis.

Houve um momento de silêncio entre nós. Eu podia sentir seus olhos sobre mim, analisando cada mínima reação. O ar dentro daquela sala parecia mais pesado, carregado por algo não resolvido.

— Quando podemos jantar? — Ele perguntou de repente, e eu soltei uma risada incrédula.

— Nós não temos nada além do trabalho, Enzo. — Minha resposta veio rápida, cortante. — Se era só isso, estou me retirando. 

Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros e me encarou por alguns instantes.

— Você nunca vai me perdoar?

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