Mundo ficciónIniciar sesiónO dia começou cedo, mas mesmo antes de abrir os olhos, meu corpo estava alerta. O encontro com Dante ainda vibrava na minha pele — contrato, regras, provocação. Eu sabia que nada seria igual.
Enquanto me vestia, minhas mãos tremiam, embora eu tentasse disfarçar. O blazer alinhado, a camisa impecável — uma armadura. Mas por dentro, algo em mim estava inquieto, desperto, esperando o próximo movimento desse jogo. Meu celular vibrou. — Bom dia, Isabela. — A voz dele era grave, controlada. — Espero que esteja pronta. — Pronta para o quê? — Para o próximo passo. Encontro às dez. Não se atrase. A ligação terminou antes que eu pudesse responder. O silêncio após a voz dele parecia ainda mais alto. No caminho para o escritório, a cidade parecia diferente. As ruas, o som dos carros, as pessoas — tudo parecia distante. Eu estava dentro de outra realidade agora, uma que ele controlava. E mesmo assim, eu andava em direção a ela. Ao chegar ao prédio, o elevador subiu devagar, como se quisesse prolongar o suspense. Meu coração acompanhava cada número iluminado. 18º andar. A porta se abriu. E ele estava lá. Impecável. Silencioso. Dono da sala e de toda energia dentro dela. — Bom dia, Isabela — disse, sem sorriso. — Vejo que está pronta. — Para qual desafio? — Para descobrir até onde consegue ir. Ele apontou uma mesa com envelopes numerados. Tudo organizado, calculado — como ele. — Abra o primeiro — ordenou. Minhas mãos tremiam levemente, mas obedeci. As instruções eram simples, porém carregadas de expectativa: executar, decidir, agir — sem hesitar. — E se eu errar? — perguntei. Ele se aproximou. Devagar. Intencional. — Errar não importa. O que importa é como você reage ao erro. A proximidade dele me deixou tensa, mas também estranhamente firme. Como se estar sob o olhar dele me ativasse de um jeito que eu não entendia. Respirei e comecei. O silêncio era quase uma presença. Cada movimento parecia amplificado: o rasgar do envelope, o deslizar do papel, a minha respiração. Quando terminei a primeira tarefa, ele observou em silêncio por segundos que pareceram longos demais. — Interessante — disse finalmente. — Você tem coragem. Mas quero mais iniciativa. Havia exigência na voz, mas também... curiosidade. O segundo envelope era mais desafiador. Não havia instruções completas, apenas direções vagas. Eu precisava decidir. Ele queria ver minha mente funcionando — não apenas obedecendo. Eu hesitei por um segundo. Ele percebeu. — Não pense no que eu quero — disse, baixo. — Pense no que você faz quando ninguém diz nada. O comentário atravessou minha mente como um comando interno. Eu executei as instruções com mais firmeza. Quando terminei, Dante se aproximou lentamente, parando atrás de mim. — Está sentindo isso? — murmurou. — O quê? — O medo. A expectativa. O controle. — Sua voz parecia tocar minha pele. — É assim que limites começam a desaparecer. E ele recuou, como se tivesse dito apenas o suficiente para me deixar à beira de algo. O terceiro envelope exigia improviso. Minha mente acelerava, meu corpo acompanhava. Cada escolha minha parecia exposta, nítida, entregue ao olhar dele. Quando finalizei, ele cruzou os braços. — Você aprende rápido. Mas ainda está se contendo. — Contendo o quê? Ele sorriu. Um sorriso pequeno, quase imperceptível. — Você sabe. O comentário ficou preso no ar, carregado de significado. O próximo envelope parecia ainda mais pessoal. A tarefa exigia não apenas execução, mas vulnerabilidade. Eu sabia que estava sendo testada em camadas — profissional, emocional, psicológica. E ele observava tudo. — Continue — disse, quando percebi que tinha parado por meio segundo. Eu continuei. Quando finalizei a última etapa daquela série, ele se aproximou devagar, como alguém que avalia algo raro. — Impressionante. Não porque acertou — mas porque não fugiu do processo. Meu coração acelerou. Eu sabia que ele estava certo. A cada envelope, eu ia mais fundo — não porque ele exigia, mas porque eu queria ver até onde esse jogo iria. — Próximo — ordenou. O quarto envelope exigia estratégia. Era mais complexo, mais intenso. A sala parecia menor agora, como se a energia dele preenchesse todos os espaços. A tensão era quase física. Quando terminei, dei um passo para trás e respirei. Ele observou. — Muito bem — disse finalmente. — Agora está começando a entender. Seu tom era diferente. Menos avaliador, mais… satisfeito. — Entender o quê? Ele se aproximou devagar, parando perto o suficiente para que eu sentisse o calor do corpo dele — mas sem tocar. — Que o contrato não é sobre obediência. É sobre presença — disse, voz baixa. — Sobre consciência. Sobre reação. Eu engoli em seco. E ele sorriu, aquele sorriso controlado, preciso. — Está pronta para o último desafio da tarde? Eu assenti. Ele entregou o envelope final. Era maior. As instruções exigiam coragem, decisão e adaptação rápida. Havia mais intensidade ali, mais camadas, mais provocação silenciosa. Eu executei, sentindo cada passo como parte de algo maior do que a simples ação. Quando terminei, ele caminhou lentamente até mim e parou a poucos centímetros. Seu olhar era firme, profundo, estudado. — Muito bem, Isabela. Você não apenas completou — você atravessou. Minhas pernas estavam tensas, meu peito acelerado. O ar parecia mais denso. — Mas isso — continuou — ainda é só o começo. Ele recuou um passo, como se me devolvesse o controle — apenas para deixar claro que eu não o tinha. — O jogo continua — disse. — E a partir daqui, cada decisão será ainda mais pessoal. Eu respirei fundo, sentindo a adrenalina correr pelo corpo. E então, eu soube: Eu não queria parar. Eu queria seguir. Eu queria o desafio. Eu queria Dante. Eu queria continuar o contrato — e tudo que ele significava.






