O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz baixa que vinha de um abajur ao lado da cama. A chuva fina batia contra o vidro da varanda, criando um ritmo quase hipnótico. Eu deveria estar dormindo. Deveria ter colocado uma barreira entre nós depois do que aconteceu mais cedo. Mas não havia mais espaço para o “deveria”.
Eu estava sentada na poltrona, pernas cruzadas, tentando parecer calma quando tudo dentro de mim era tempestade. Dante saiu do banheiro com a mesma tranquilidade de sempre — camisa preta aberta nos dois primeiros botões, mangas dobradas até os antebraços, cabelo ainda úmido. Mas era o olhar que dizia tudo.
Ele já tinha decidido alguma coisa.
E eu sabia: nada que viesse daquela decisão seria simples.
Ele parou diante de mim, silencioso, como se esperasse algo. Eu senti minha respiração ficar curta, mas mantive o que restava da minha coragem.
— Não vai dizer nada? — perguntei, tentando manter a voz estável.
Dante me estudou com o olhar. Não de forma impaciente —