Fernanda Mendonça:
Ouço o tilintar de um copo. Provavelmente ela está se servindo do uísque que Pietro costuma reservar para visitas importantes, geralmente homens de negócios. O som do líquido sendo despejado ecoa pela sala como uma provocação silenciosa.
— Seu pai se esforçou muito para salvar o Vivaz... — a voz de Adélia soa doce demais para o veneno que carrega.
— Ele se esforçou pra perder tudo! — Pietro explode, sua voz cortante, carregada de fúria. — Aquele maldito velho viciado.
— Ainda assim, é seu pai — ela continua, impassível. — E você está apenas adiando o inevitável. Me escute, Pietro. Eu posso ajudar...
— Não quero ouvi-la — Pietro a corta, ríspido.
— Mas vai ouvir — o tom dela muda, mais firme, mais cruel. — Você leu o contrato inteiro que o senhor Van Helsing te entregou? Cada cláusula, sem pular nada? Inclusive a parte logo depois do parágrafo que fala que, mesmo na morte, a rede será entregue a ele?
Silêncio.
Não escuto nenhum resposta, meu coração acelera, eu tento