Fernanda Mendonça:
Pietro virou o rosto e, por uma fração de segundo, seu olhar se conectou com o meu. Em um mergulho tão profundo que parece sufocar. E, nesse único segundo, consegui ver a tristeza em seus olhos, antes que ele voltasse seu olhar para Marina.
A música cessou, e o tio dela, com um gesto cerimonial, entregou sua mão ao noivo.
O som da voz do padre ecoou como um zumbido ensurdecedor. Meu peito apertava, minha garganta ardia, e as lágrimas ameaçavam escapar, todos os sons pareciam distantes e irreais.
Não.
Eu não iria chorar.
Tentei respirar fundo, mas cada inspiração era um lembrete doloroso do que eu estava perdendo.
Desviei o olhar.
— Eu os declaro marido e mulher, até que a morte os separe.
A voz do padre soou como um eco distante, abafada pelo pulsar do meu coração. Minha cabeça gira lentamente, como se o tempo me arrastasse para um pesadelo.
Pietro.
O grande amor da minha vida.
O meu amor proibido.
Dez anos mais velho que eu, melhor amigo do meu irmão, o homem que s