Um estágio comum, um amor em segredo, um reencontro por acidente. Porém, quem pode ajudar Fernanda Mendonça? Olhando Pietro na sua frente, Fernanda fica chocada, o homem por quem ela era apaixonada tantos anos atrás, é o marido da mulher que morreu na sala de parto. Para piorar a situação, o bebê dele teve que ir às pressas para a unidade de terapia intensiva... Como explicar a ele? Fernanda fechou os olhos com tristeza, há três anos tinha decidido enterrar seus sentimentos e focar no futuro, mas o destino tinha outros planos para os dois. Após sua proposta, a frase de Pietro oferece uma oportunidade nova. "Você quer ser mamãe do meu filho?" Uma proposta inesperada, um casamento de conveniência, um homem no seu coração, será que Fernanda Mendonça conseguirá ajudar sem se machucar? "Meu Amor Proibido: O Pai do Bebê – Livro 2" é uma história sobre amor, sacrifício e a força de lutar por quem você ama, mesmo quando o mundo inteiro parece estar contra você.
Leer másFernanda Mendonça:
Concentre-se Fernanda. Você já passou por várias simulações na faculdade, respire fundo e ajude!
— Pressão arterial subindo! — A voz da enfermeira corta o ar, carregada de tensão.
— Precisamos acelerar — a obstetra declara, sua postura rígida transparecendo a gravidade da situação. Ela se volta para o anestesista. — Ela está estabilizada o suficiente?
— Podemos começar — o anestesista responde com um breve aceno, embora o nervosismo esteja evidente em sua voz.
Meu coração parece pular do peito quando o bisturi na mão da doutora reluz sob a luz fria da sala. O ambiente ao meu redor parece diminuir, cada som ampliado como se estivesse dentro de uma bolha prestes a estourar.
Droga! A simulação nunca é como a vida real.
A obstetra começa a incisão, suas mãos rápidas e precisas. O sangue surge na pele pálida da paciente, e o som dos instrumentos sendo passados de mão em mão enche a sala, um ritmo quase hipnótico.
— Chegando na cavidade uterina — informa a Dra.
Sinto o suor escorrer pela minha testa, minhas pernas parecendo feitas de chumbo. Estou presa, impotente, uma mera espectadora de algo maior do que qualquer coisa que já enfrentei.
— Cuidado com a hemorragia — alerta outra enfermeira, e a equipe obstetra começa a se mover ainda mais rápido.
— Pressão está caindo! — A frase ecoa como um alarme, e a sala se torna um redemoinho de movimentos e comandos.
Quero sair. Preciso sair — o pensamento é esmagador, mas não posso ceder. Não agora.
Minha visão começa a embaçar. O som do monitor cardíaco disparando é ensurdecedor, cada bip martelando minha mente. Respiro fundo, mas o ar parece não chegar aos pulmões. Tento me concentrar, mas é impossível ignorar o pânico crescente.
A obstetra está suando enquanto tenta estabilizar a paciente.
— Precisamos de mais equipamentos. Rápido! — Ela pede, a urgência na voz dela fazendo minha espinha gelar.
Eu levanto a mão antes de pensar.
— Eu vou buscar.
Corro para uma das salas de suprimentos, mas meus movimentos estão desajeitados, o nervosismo me dominando. Ao puxar os cabos e ajustar o monitor, minha mão esbarra em um suporte, derrubando parte do equipamento no chão.
— Droga... — murmuro, abaixando-me para recolher as peças danificadas.
Coloco-as sobre a pequena mesa e começo a revirar as caixas, em busca de peças que sirvam. Cada segundo perdido parece uma eternidade. Pego um novo monitor e volto apressada para a sala de parto, o suor escorrendo pela minha testa.
Quando entro, minha colega já está posicionando o equipamento que deveria ser minha responsabilidade. Ela olha para mim de relance, mas não diz nada.
Sinto o olhar da Dra. Débora sobre mim, desapontado.
Levo o equipamento de volta e ao retorna para a sala, a Dra. Débora começa a dar novas ordens, faço o que me pedem, mas cada movimento parece automático.
— Vamos, precisamos agir rápido. Souza, segure aqui. Mendonça, prepare os equipamentos para o bebê.
Minhas mãos tremem enquanto faço o que ela pede. Tento me concentrar nos detalhes, nos passos, mas a ansiedade está me sufocando.
Até que um som corta o ar — agudo, frágil, quase como um sopro transformado em choro.
O bebê.
Meu olhar é instantaneamente atraído para ele, um pequeno corpo quase translúcido, que praticamente cabe apenas em uma mão, envolto em um tecido azul grande demais.
— Dificuldade respiratória detectada! Saturação em 85%! — Uma das enfermeiras avisa, ajustando os equipamentos com mãos rápidas.
— Precisamos estabilizá-lo antes de transferi-lo para a incubadora — Débora ordena, seu tom calmo, mas cheio de urgência.
O bebê é levado para a mesa neonatal, e eu observo em silêncio, minhas pernas presas no chão como se fossem feitas de cimento. A Dra. Débora e Karina saem da sala rapidamente, suas silhuetas desaparecendo pela porta.
De repente, todos os aparelhos ao redor da paciente disparam ao mesmo tempo, um som agudo que corta o ar e me puxa do meu estado de torpor. Um arrepio frio percorre meu corpo, fazendo cada fio de cabelo na nuca se arrepiar.
— Ela está sangrando muito! — Uma das enfermeiras grita, sua voz carregada de urgência e pânico.
Congelo no lugar, incapaz de processar o que estou vendo. O caos ao meu redor parece distante, como se eu estivesse vendo tudo através de um vidro.
— Você ai, venha ajudar! — a voz da obstetra me atinge como um trovão.
— Ma-mas eu sou da pediatri... — minha voz sai fraca, quase inaudível.
— Foda-se a sua área, porra! Venha aqui agora! — Ela grita, sua autoridade esmagando qualquer hesitação que eu pudesse ter.
Engulo em seco e forço minhas pernas a se moverem, um passo pesado de cada vez, até alcançar a mesa cirúrgica. O cheiro metálico do sangue preenche minhas narinas, e meus olhos se fecham instintivamente quando percebo a visão da barriga aberta da paciente.
— Mais compressão! Vamos lá, pessoal, ela ainda está conosco! — Ordena a obstetra, sua voz firme, mas com um traço de tensão que não consigo ignorar.
Meu peito aperta, como se um peso estivesse esmagando meus pulmões. Minhas mãos tremem violentamente, a ponto de quase perderem a força. Tento me concentrar, mas a realidade ao meu redor é avassaladora.
As vozes se misturam, os movimentos são rápidos e precisos, mas tudo parece fora de foco para mim.
De repente, todos os sons disparados viram um zumbido.
— Massagem cardíaca, agora! — A obstetra grita.
Minhas mãos, cobertas de sangue, colocam em prática mais um dos treinamentos, mesmo enquanto meu coração implora para fugir. Começo a compressão no peito da paciente.
— Por favor, por favor, por favor, por favor! — murmuro, cada palavra uma súplica desesperada.
— Afaste-se! — uma voz masculina soa atrás de mim. Um enfermeiro com o desfibrilador em mãos assume. — Um, dois, três!
Dou um passo para trás, observando enquanto a corrente elétrica atravessa o corpo da paciente. Fecho as mãos em punhos, segurando o fôlego enquanto ouço o som ensurdecedor do choque.
Nada.
Eles tentam de novo. E de novo.
Então, o som cessa.
Abro os olhos e encaro a linha contínua nos monitores, a confirmação cruel de que ela não está mais aqui. Meu estômago despenca, e minha mente se recusa a aceitar.
— Drogaaa! — a obstetra grita, sua voz carregada de frustração e desespero. Ela derruba os instrumentos no chão, suas lágrimas caindo descontroladamente. — Tentem de novo! Minha amiga não pode morrer aqui! Vamos!
O enfermeiro hesita, mas obedece. Outro choque. Outro silêncio devastador.
Nada muda.
A obstetra cai de joelhos, o corpo dela tremendo com o peso do momento. Uma enfermeira cobre a paciente com um pano branco, sua expressão carregada de pesar.
— Precisamos dar a notícia a família — escuto uma enfermeira dizer, mas é óbvio que a obstetra está em pedaços, sem condições de enfrentar essa tarefa.
— Eu falarei com a família — digo, as palavras escapando antes que eu possa pensar.
— Mas você é da equipe de cardiologia pediátrica... — alguém argumenta, hesitante.
— Eu estava no parto. Ela não pode fazer isso agora. Eu irei.
Não espero mais nenhum comentário. Viro-me e caminho até a porta. Seguro a maçaneta e respiro fundo, contando até três antes de girá-la.
Assim que abro a porta, ouço uma voz.
— Meu filho nasceu? Minha mulher está bem?
Congelo instantaneamente. A familiaridade daquele timbre profundo me atinge como um soco no estômago. Meus olhos buscam a fonte do som, e o tempo parece parar.
Pietro.
O homem que evitei por três anos está parado à minha frente, a preocupação e a dor estampadas em cada linha do seu rosto.
5 anos depois:Pietro Castellane:O sol começa a nascer com uma delicadeza quase tímida, tingindo o céu com tons suaves de rosa e dourado. Da varanda do nosso quarto, na casa de praia onde passamos nossa lua de mel, tudo parece exatamente como naquela primeira vez — mas ao mesmo tempo, absolutamente transformado. Agora há brinquedos esquecidos na areia, risadas infantis ainda ecoando na minha memória e pequenos pares de chinelos na porta do quarto. As crianças ainda dormem nos quartos de baixo, exaustos depois de um dia inteiro de sol, castelos de areia, correria com os primos e mergulhos infinitos. Os responsaveis pela crianças ontem foram Laura e Fernando. Então, eu e a minha linda e querida esposa aproveitamos a noite toda. Literalmente. Fizemos amor em cada canto desse quarto: contra a parede, sobre os lençois amarrotados, no chão ainda quente da varanda, como se tentássemos imprimir nossa história mais uma vez nas paredes dessa casa.Fernanda está de costas para mim agora, nua so
Seis meses depois:Fernanda Castellane:— Pronto. Agora sim você está perfeita — ouço a voz de Olivia atrás de mim, enquanto ajeita a última mecha do meu cabelo com delicadeza.Minha mãe sorri, em pé à minha esquerda, com as mãos cruzadas diante do peito, visivelmente emocionada. Laura, mais concentrada, se abaixa para alisar com cuidado a barra do meu vestido branco, esvoaçante e leve, que abraça minha barriga de sete meses como se tivesse sido feito para isso.Sinto as mãos delas em mim com um carinho que aquece o peito. Tantos meses se passaram desde aquele dia no banheiro, desde a confusão, o medo, a descoberta — e agora, aqui estou, prestes a revelar o nome e o sexo do nosso bebê, cercada por pessoas que verdadeiramente torcem pela nossa felicidade.De repente, o som de um choro frágil e agudo corta o ar. É Eduardo, o recém-nascido de Laura, que desperta com o barulho das vozes, exigindo atenção como o pequeno rei da casa que é.— Com licença, meninas, vou alimentar meu comilão
Fernanda Castellane:O mundo para quando seus lábios tocam minha barriga, num beijo tão terno que arde como fogo, com uma reverência inesperada que me faz querer chorar.— Cresça, minha criança... — ele sussurra contra minha pele, a voz tão cheia de amor. — Seus pais estão aqui. Te esperando, ansiosos para te conhecer.Pietro se levanta devagar, como se o chão que pisasse fosse sagrado. O olhar dele permanece fixo no meu rosto, tão intenso que faz meu coração doer. Sinto como se ele enxergasse além da minha pele, além da confusão, da coragem e do medo. Como se ele visse a mulher inteira que eu sou — assustada e grávida — e ainda assim, quisesse me amar mais por isso. Não consigo conter mais as lágrimas. Elas escorrem silenciosas, quentes, lavando tudo que ficou preso dentro de mim por dias. Minhas mãos agarram a camisa dele com força e, sem pensar, me jogo contra seu peito e grudo meus lábios nos dele.O beijo é desesperado, molhado de emoção, cheio de tudo o que eu não consegui dizer
Fernanda Castellane:— Não entra aí! — grito, sem pensar, correndo pelo quarto como se minha vida dependesse disso.O grito rasga minha garganta antes que eu possa pensar, um reflexo puro de pânico. Meu corpo se lança em direção ao banheiro como se estivesse disputando uma corrida contra a morte — pés descalços batendo no chão frio, quase escorregando no tapete, mas me mantenho de pé.Pietro está quase dentro do banheiro, com a luz acesa. Meu coração bate ainda mais rápido, ele para, seus olhos fixos em mim, aproveito e bloqueio a porta com o meu corpo.Pietro recua um passo, surpreso, me encarando com as sobrancelhas erguidas. O olhar dele se estreita com uma mistura de confusão e algo mais… desconfiança.— Por que não? — ele pergunta, a voz baixa, controlada, mas carregada de alerta.— Eu... eu… — minha voz falha.Minhas mãos se fecham em punhos tão apertados que as unhas cavam sulcos na palma. O ar queima nos pulmões, uma onda de medo adentrando meu corpo. Meu peito sobe e desce
Fernanda Castellane:O silêncio do banheiro é tão denso que parece ter peso próprio — um véu sufocante que amplifica cada batida do meu coração, cada tremor das minhas mãos. O ar está parado, impregnado com o cheiro de limpeza.Sento sobre a tampa do vaso sanitário, o plástico gelado chegando a minha pele, atravessando o tecido fino do meu short. Não me importo. O frio é real, concreto — algo que posso sentir além do turbilhão dentro de mim.Na pia, o teste de gravidez repousa como uma sentença.Dois minutos.Dois minutos desde que o tirei da embalagem, desde que segurei sob o fluxo, desde que o coloquei ali, virado para baixo—covardemente escondido, como se isso pudesse adiar o inevitável.Não olho.Não ainda.Cruzo os dedos, meus pensamentos voam para Pietro. Nesse momento, a audiência já está acontecendo. Queria estar lá com ele, demonstrando o meu apoio, mas achamos melhor eu ficar aqui com Gabriel, que neste exato momento está dormindo no bercinho. Mas me acalma o fato de que meu
Pietro Castellane:O ar no tribunal está pesado, carregado da eletricidade silenciosa que precede uma tempestade. A promotora, com seu terno impecável e postura afiada, desfia as acusações contra mim com a precisão cirúrgica de quem acredita ter a vitória nas mãos. Cada palavra dela é uma faca, cuidadosamente afiada para o golpe final.Mas meus olhos não estão nela.Eles estão fixos em Adélia, sentada do outro lado da sala, aninhada entre seus advogados como uma rainha em seu conselho de guerra. Seu sorriso é fino, quase imperceptível, mas eu o vejo — aquele brilho de triunfo nos olhos, a postura relaxada de quem já conta os troféus antes da batalha. Ela cruza as pernas, ajusta a pulseira de ouro no pulso e me encara, desafiante. "Você já perdeu", seu olhar diz.E então, a promotora termina.O silêncio que se instala é quebrado pelo som de uma cadeira arrastando-se lentamente contra o piso de mármore. Meu advogado — um homem de cabelos grisalhos, pele marcada pelo tempo e olhos que já
Último capítulo