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capítulo 4 – quando o corpo gripa e a alma foge

No arranha-céu elegante onde trabalhavam os grandes nomes da engenharia de estruturas e construção civil, Mike estava no escritório. A gravata apertada, os olhos semicerrados em direção ao computador. Do lado, o barulho de copos e risadas masculinas preenchia o ar: era Aarow, seu melhor amigo e... o marido de Yanika.

— Está me ouvindo, Mike? — Aarow perguntou, dando uma risada baixa. — Você está longe. Tá pensando em quê? Algum problema com a Younha?

Mike desviou o olhar da janela. Fingiu naturalidade.

— Só cansado. Madrugadas com bebé, você sabe...

— Sei nada — Aarow riu. — E nem quero saber. Criança só dá dor de cabeça. Por isso que eu e a Yanika... bom, a gente não tem planos pra isso. Não combina com o nosso ritmo.

Mike ficou em silêncio por um tempo. Aarow estava distraído, pegando café na máquina da copa. Mike olhou o reflexo no vidro, e ali estava ela na memória: Yanika, no vestido que usava dias atrás — justo na cintura, soltinho nos quadris, balançando a cada passo. Aqueles seios fartos que ele não devia olhar... mas olhava. E queria.

"Por que ela usa isso?", ele pensava. "Ela sabe. Ela tem que saber."

Os pensamentos vinham cravados de imagens — o caminhar dela pela casa com aquele tecido leve, a maneira como a luz pegava nos ombros, o jeito que os quadris se mexiam quando ela se abaixava para pegar um brinquedo dos bebés...

E os olhos dele a comiam, sempre que podiam, sempre sem serem notados. Ou ao menos era o que ele achava.

Mas a verdade é que Yanika notava sim. Cada deslizar de olhar, cada silêncio dele depois de encará-la. E era isso que a deixava louca.

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casa da yaya

Aarow estava deitado, mexendo no telemóvel. Yanika saía do banho, cabelo molhado, vestindo apenas uma camisola simples de algodão, mas que moldava seu corpo naturalmente.

Ela passou por ele. Nenhuma reação.

— Boa noite — ela disse, sentando na cama e passando creme nas pernas.

— Boa noite — ele respondeu, sem tirar os olhos da tela.

Silêncio.

— Aarow... — ela tentou puxar conversa — você já pensou em... filhos?

Ele soltou um suspiro.

— De novo isso? A gente combinou que não era o momento. Temos muita coisa pra fazer, aproveitar, construir...

— Mas e se nunca for o momento?

Ele olhou para ela, mas não com ternura. Era um olhar prático, distante.

— Você tá estranha esses dias.

— Estranha? — ela deu uma risada triste. — Talvez eu só esteja cansada de me sentir invisível. De querer algo mais e não receber nem metade...

— Isso é sobre sexo? Sobre filhos? Ou sobre o Mike?

Silêncio. Ele tinha dito o nome. Ela ficou pálida.

— Eu não sei o que você quer dizer com isso — ela respondeu.

— Eu também não. Só sinto que você... não me olha mais do mesmo jeito.

Ela fechou os olhos. A dor era suave, constante. E a culpa, mais uma vez, sussurrava:

“Você quer ser olhada como o Mike olha pra você.”

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Nos últimos dias, Yanika chegava na casa de Younha mais tarde que o habitual e saía antes do pôr do sol. Dizia que estava ocupada, que Aarow precisava dela, que sua avó andava fraca. Tudo era meia-verdade. A verdade completa era outra: ela estava fugindo.

Fugindo daquele olhar.

Fugindo daquele corpo.

Fugindo de Mike.

Ele não dizia nada, mas seus olhos diziam tudo. Observava-a como um predador que não precisa correr — apenas esperar. E Yanika sentia o peso desse olhar em sua pele, como se estivesse sempre nua diante dele. E o pior: uma parte dela gostava.

Naquela manhã, quando chegou, Younha já havia saído. Os gêmeos choravam, jogados no sofá, sujos e mal-alimentados. Era sempre assim. Mike estava sentado na varanda, camisa aberta, cigarro entre os dedos.

— Bom dia — ela disse, tentando não olhar para o abdômen dele.

— Está atrasada — ele respondeu, sem tirar os olhos dela.

— Tive um compromisso — respondeu, seca, indo direto para os bebês.

O silêncio entre eles era como vidro estalando prestes a quebrar. Ele se aproximou devagar, parando na porta da sala.

— Tem evitado a gente... ou tem evitado a mim?

Ela nem o olhou. Apenas disse:

— Não estou com tempo pra isso.

— “Isso” tem nome?

Ela fechou os olhos por um segundo. Sentia a presença dele como um calor constante atrás de si. O cheiro do cigarro misturado ao perfume amadeirado dele estava impregnado no ar.

— Você é o marido da minha amiga — ela disse, ajeitando a manta sobre um dos bebês.

— E você é a babá dos meus filhos? — ele disse, com uma voz baixa, rindo de canto. — É esse o título agora?

Ela largou a mamadeira, finalmente virando-se para ele.

— Você acha que isso é um jogo, não é?

— Não. Jogo tem regras. E você vive quebrando todas. Primeiro me encara como se quisesse me despir com os olhos, depois finge que nem existo.

— Isso é loucura. — Ela recuou um passo.

— Pode ser. Mas a loucura está nos seus olhos, não nos meus.

Ela engoliu seco. O coração martelava no peito.

— Não me provoque — sussurrou.

— Eu não preciso. Você já está em brasa, Yanika. Só não sabe onde colocar o fogo.

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Naquela noite, Yanika foi visitar Younha. As duas estavam no quarto, sentadas na cama, e Younha falava da viagem como quem conta uma novela. E logo o assunto mudou.

— O Mike está um pouco estranho ultimamente — Younha disse, mexendo no celular. — Mas quando estamos juntos... Ah, amiga, ele me enlouquece. Nunca conheci homem mais intenso.

Yanika não respondeu. Só ficou ali, ouvindo, absorvendo.

— Às vezes, quando ele me pega desprevenida, me vira na parede e... — Younha riu, balançando a cabeça. — É como se ele soubesse exatamente onde tocar, quando morder, onde pressionar. Não sei se é o corpo dele ou se é ele, mas... eu desmancho.

A taça de vinho de Yanika tremia em sua mão.

— Que bom — murmurou.

— Você e Aarow ainda... se entendem na cama?

Ela sorriu, sem graça.

— Claro... ele é... delicado.

— Delicado? — Younha gargalhou. — Delicado é o jardineiro lá de casa. Eu quero homem, Yanika. Fogo. Você entende?

Entendia. Entendia demais. Mas odiava que o fogo que a queimava vinha justamente do homem errado.

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Mais tarde, em casa, tentou se deitar com Aarow. Procurou os beijos dele, pediu para que a tocasse. Ele tentou, gentil. Sempre gentil. Mas o desejo dela era selvagem, exigente. Ele não acompanhava. Estava perdido entre afagos tímidos e carícias inseguras.

Yanika desistiu. A raiva e a frustração pulsavam em seus ossos.

Saiu da cama, de camisola, e sem pensar, pegou a chave da casa de Younha. Havia esquecido os brinquedos dos bebês. Era a desculpa perfeita.

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Era tarde. Muito tarde. Mike estava sozinho na cozinha, luz baixa, cortando algo na bancada. Camiseta colada ao corpo, cabelo molhado. A casa em silêncio.

Ela entrou devagar.

Ele nem se virou.

— Perdeu o sono? — perguntou, ainda cortando o pão.

— Esqueci... umas coisas dos gêmeos.

Ele largou a faca e virou-se. Os olhos escuros percorreram o corpo dela, da barra da camisola até o decote sutil.

— É só isso mesmo?

Ela hesitou. E se aproximou.

— Posso te abraçar?

A pergunta saiu antes que pudesse se arrepender. Ela só queria... parar de pensar. Parar de sentir. Parar de arder.

Mike não disse nada. Apenas abriu os braços.

Ela o abraçou. Primeiro com hesitação. Depois com necessidade. E então... o corpo dela se esfregou no dele. Inconsciente. Instintivo.

Mike segurou firme sua cintura, colando-a com força. O hálito dele estava em seu pescoço.

Mas foi aí que ela despertou. Sentiu o próprio corpo traindo a mente. Sentiu o desejo tomar conta. E o pânico.

Empurrou-o com força, dando dois passos para trás.

— Eu... me desculpa.

— Yanika...

— Eu não posso. Eu não sou isso. Não sou. — Ela correu até a porta. — Me desculpa!

Saiu com o coração disparado. Sentia vergonha. Desejo. Medo. Nojo de si mesma.

E do lado de dentro, Mike ficou ali. Em silêncio. Com os olhos fixos na porta.

Porque ele queria mais.

Não porque a amasse.

Mas porque queria possuir o que ela ainda lutava para negar.

...

Naquela tarde, ela chegou à casa com uma blusa clara e justa, e os cabelos soltos. Não por vaidade — era o que encontrou limpo. Mas sentiu o olhar de Mike quando entrou. Não demorou. Ele estava sentado no sofá, uma criança em cada braço.

— Chegaste cedo hoje — disse ele, a voz baixa, quase indiferente.

— Younha pediu. Vai sair mais uma vez. — Ela evitou encará-lo. Baixou-se para pegar os brinquedos caídos.

— Claro... — Mike riu de leve. — Ela vive mais fora de casa do que dentro ultimamente.

— Alguém tem que cuidar deles.

A resposta saiu seca. Quase ríspida. Mike percebeu. Pousou uma das crianças no tapete, e olhou para ela por cima da cabeça do outro filho.

— E esse alguém tem que ser você?

Ela fechou os olhos por um segundo, antes de se endireitar.

— Eu não vim discutir. Só estou tentando ajudar.

— Ajudar... — Ele se aproximou. — Ou fugir?

Ela engoliu em seco. — Não sei do que estás a falar.

— Sabes sim.

O silêncio se estendeu entre eles. As crianças riam, inocentes, brincando com os blocos de madeira. O ar parecia pesado.

— Não finjas, Yanika — ele disse, em voz mais baixa. — A forma como me evitas. Como não me olhas mais. Como entra e sai dessa casa sem nem respirar fundo.

Ela apertou os olhos, como se a verdade dele fosse uma luz forte demais.

— Aconteceu um erro — sussurrou. — E não quero repetir isso. Só isso.

— Um erro? — Mike deu um passo à frente. — É isso que achas que foi?

Ela o encarou, enfim. Os olhos dela estavam marejados, mas firmes.

— Sim. Um erro. Eu sou casada. Tu és casado. E não tem mais conversa.

Ele sorriu de canto, um sorriso amargo.

— Se é assim... por que tremes toda vez que chego perto?

Yanika deu um passo atrás, como se ele a tivesse tocado.

— Pára, Mike.

— E por que o teu olhar me queima quando falo com Younha?

— Já disse: pára. — A voz dela tremeu.

Mike a observou em silêncio por alguns segundos, depois passou por ela em direção à cozinha. O toque dos ombros quase encostou. Quase. Mas não.

Yanika abaixou-se para brincar com os pequenos. Tentava distrair-se, mas a respiração vinha curta. O peito doía.

Os minutos passaram em silêncio tenso.

Mike voltou com um copo de água e ficou parado atrás dela. Observando.

Ela percebeu, mas não se virou.

— Queres água? — ele perguntou, tentando parecer casual.

— Não.

— Tens certeza? — A voz dele baixou. — Estás vermelha... parece que ardes por dentro.

Ela fechou os olhos, contendo o impulso de respondê-lo com ódio ou com desejo.

— Vai embora daqui... — sussurrou.

Ele deu um passo à frente. Ela ainda estava agachada, recolhendo brinquedos.

Foi nesse momento que aconteceu.

O estalo leve, firme, rápido.

A mão dele desceu direto sobre a banda esquerda dela. Não foi com força. Mas foi com intenção. Um toque preciso. Ardente. Quase possessivo.

Ela congelou.

Os brinquedos caíram das mãos. As crianças riram — como se fosse apenas parte de uma brincadeira boba.

Mas dentro dela, tudo se calou.

Lentamente, ela virou o rosto. Mike já havia dado dois passos para longe, como se nada tivesse acontecido. Encostou-se na porta, cruzou os braços.

E sorriu. Um sorriso breve. Quase imperceptível.

Yanika sentiu o mundo girar.

E naquele momento, ela soube: o silêncio

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