A casa parecia outra.
Mesmo com os móveis ainda nos mesmos lugares, as paredes nas mesmas cores e os quadros antigos nos mesmos ganchos… havia um calor diferente ali dentro. Um calor que vinha das risadinhas suaves, dos bocejos miúdos, dos chorinhos frágeis. Dos passos apressados de Mike, das mãos de Helga estendidas com delicadeza. Da minha presença, enfim completa, com dois pequenos milagres embalados nos meus braços.
– Devagar, Yanika… vem cá. – Mike apareceu ao pé da escada com um dos bercinhos portáteis nos braços. O outro já estava preparado no quarto. – Eu arrumei tudo. Só falta você descansar um pouco.
– Eles já estão dormindo... – sussurrei, sorrindo enquanto espiava os rostinhos que pareciam pintados à mão.
O silêncio que tomava conta da casa era sagrado, quebrado apenas pelos nossos suspiros, pela respiração dos bebês e pelo tilintar distante das colheres de Helga mexendo chá na cozinha. Os dois pequenos dormiam profundamente, um em cada braço, e mesmo com o cansaço