Eu não sabia exatamente quando comecei a sonhar. Só sei que, de repente, o peso nos ombros sumiu, e o mundo estava silencioso. Mas não o tipo de silêncio desconfiado que anuncia perigo. Era um silêncio leve, confortável. Como o de uma manhã preguiçosa em um lugar seguro.
Eu pisava sobre o chão de pedra do velho palácio. Mas ele não era mais velho, nem quebrado, nem manchado pelas lutas do passado. As janelas estavam abertas, a luz invadia os salões como ouro líquido, e o ar carregava cheiro de lavanda, terra úmida e pão recém-assado.
Zoe estava ali.
Com os cabelos soltos, os pés descalços e um vestido leve que se movia com o vento. A barriga dela já estava redonda. Grande o suficiente pra me fazer sorrir como um idiota só de olhar. Ela conversava com dois jovens da matilha — novos, talvez ainda em treinamento — e os olhos dela brilhavam com orgulho e autoridade. A voz era firme, mas gentil. Tão natural naquele papel que por um segundo eu duvidei se aquilo era mesmo um sonho… ou uma le