A luz da manhã filtrava-se pelas copas das árvores como dedos dourados tocando a terra com delicadeza. O chão ainda guardava o frescor da noite passada, e o cheiro da floresta era puro e antigo, como se cada folha carregasse um segredo ancestral.
Zoe disparou à minha frente com uma risada rouca, deixando um rastro de folhas viradas e galhos partidos.
— Vai me deixar pra trás, Alex? — ela provocou, jogando um olhar rápido por cima do ombro.
Ela sabia exatamente o que estava fazendo. E sabia que eu ia atrás.
— Não por muito tempo — respondi, sorrindo, e aumentei o ritmo.
Ela corria como se o corpo dela soubesse cada curva do terreno, como se a floresta fosse uma extensão dela mesma. Saltava raízes, contornava árvores, mergulhava entre os arbustos com uma leveza que me deixava sem fôlego — e não só pela corrida.
A trilha era antiga, meio esquecida, feita mais pelos passos dos lobos do que por qualquer mapa. E nós a conhecíamos bem. Era ali que tínhamos treinado, fugido, brigado, e agora…