O bolinho da minha mãe ainda tá no meu prato, uma metade esquecida entre goles de chá e conversas abafadas.
— Ele tentou cuspir no chão da cela — comenta Lord, com a sobrancelha arqueada e uma expressão que mistura nojo e diversão. — Errei a mira e joguei água fervendo na perna dele. Uma pena.
— Uma pena mesmo — digo, saboreando mais um gole do chá. — Devia ter acertado a cara.
— Isso seria uma ofensa à água fervendo — completa Gabi, sentando-se ao meu lado com a elegância de quem guarda uma adaga entre frascos de hidratante e tônicos explosivos.
Alex não diz nada. Está com os olhos fixos na fogueira, a mandíbula travada. Eu o conheço o suficiente pra entender que está se contendo. Que se deixasse, já teria voltado naquela cela e enfiado a adaga milenar em algum lugar bem doloroso — só pra ver se o sujeito falava alguma coisa.
— Dois dias — Gabi fala, como se estivesse lendo os pensamentos dele. — E prometo que ele vai falar tudo.
Alex assente com a cabeça, mas não responde