A notícia da recusa de Aurora chegou até Agnes como uma lâmina envenenada. Ela ouviu o relato de um espião com um sorriso que não tocava os olhos. Sentada no salão principal da alcateia rival, cruzou as pernas lentamente e tomou um gole de vinho escuro como sangue.
— Ela recusou o trono? — repetiu.
— Sim, minha senhora. Diante de todos. Deixou o símbolo da liderança no chão.
O cálice tilintou contra a mesa de pedra. O silêncio que se seguiu foi sufocante.
Agnes então se levantou devagar, o vestido negro arrastando no chão como névoa.
— Covarde — ela murmurou. — Tão perto da coroa... e fugiu.
O espião hesitou.
— Mas… mesmo recusando, todos estão olhando para ela como se já fosse Luna.
Agnes parou. Virou lentamente.
— O quê?
— Os lobos estão divididos. Alguns falam em seguir Aurora, mesmo que ela tenha recusado. Dizem que a Lua a tocou de novo. Que o brilho retornou.
O som que