O fogo ainda consumia os restos do que um dia foi o coração da aldeia. As cabanas ardiam em labaredas laranja e vermelhas, como se o céu tivesse descido à Terra para julgar os vivos. Os gritos haviam cessado, mas o cheiro de sangue e fumaça continuava impregnado nas narinas de todos. A noite estava carregada, pesada como chumbo. A lua, agora tingida de vermelho, parecia observar tudo com olhos de fúria.
Aurora estava caída de joelhos no centro da clareira, as mãos manchadas de terra e cinzas. O cabelo, antes dourado e trançado como exigia sua posição de Luna, agora solto e emaranhado, balançava com o vento sujo da destruição. Seus olhos estavam secos, mas por dentro, ela ardia em dor, raiva e culpa. As últimas palavras da anciã ecoavam em sua mente: "Você é a guardiã da lua, filha da essência. Não deixe que a dor oculte o chamado."
Ao seu lado, o pequeno Ayren dormia envolto em uma manta fina, com o rosto manchado de fuligem. Aurora o abraçou, pressionando o rosto contra a cabecinh