Dante Tavares
— Quem é esta mulher?
A pergunta saiu da boca de Shelly, mas ecoou na minha mente como uma facada.
A mulher. A mulher.
Aquela que me desestabiliza. Que me quebra.
Que apareceu na minha sala com os olhos marejados… e eu a esmaguei com meu orgulho.
Eu me segurei pra não ir atrás.
Pra não correr como um louco pelos corredores daquele prédio.
Pra não implorar que ela me olhasse mais uma vez.
Mas... eu já sabia. Eu vi no rosto dela.
A dor. A decepção.
E algo dentro de mim estilhaçou.
Mas não era a primeira vez que eu quebrava.
A dor sempre foi um lugar familiar.
Um velho quarto escuro onde eu me deitava desde garoto.
Desde o dia em que minha mãe me prometeu que voltaria… e nunca voltou.
— Aquele bebê é... seu?
Shelly perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, o veneno escondido nas palavras.
Mas eu não respondi.
— Você já teve o que queria. Vá embora.
O choque dela foi visível.
Mas eu não ligava.
Ela não era nada. Nenhuma delas era.
Mulheres que vinham e iam, que tiravam a rou