Dante Tavares
Com a partida dela, eu também deixei a serra.
Não valia o silêncio daquela casa sem os gritos abafados dela no colchão, sem o cheiro do cabelo espalhado nos lençóis, sem a tensão nos olhos cada vez que me dizia "não" com a boca e "sim" com o corpo.
Ela me desafiava.
E eu quis ver até onde teria coragem de manter essa fuga.
O restaurante permaneceu fechado por conta de uma inspeção sanitária — uma que eu mesmo fiz questão de tornar mais rigorosa. Aproveitei para retornar à cidade e acompanhar de perto o processo, manter as aparências.
Álvaro, meu irmão, seguia afastado.
Enzo, como eu ordenei, viajou a trabalho para longe — um joguete que, por enquanto, nem percebe que é.
Tudo funciona como deve. Como eu quero.
Isadora achava que podia escapar.
Mas tudo o que eu preciso está ao meu alcance.
Sempre esteve.
Não foi difícil conseguir o endereço dela nos documentos do restaurante.
Apartamento simples, bairro modesto. Cheguei ao anoitecer, quando os dias costumam doer mais… e o