Dante Tavares

Nunca fui um homem de farsas.

Não acredito em acasos, em desculpas ou em promessas vazias.

Gosto das coisas como são: nuas, cruas, e servidas diante de mim.

Desde o instante em que me sentei naquela poltrona de hotel e a vi entrando com aqueles olhos assustados e aquela boca entreaberta... eu soube.

Ela era minha.

Não importava quem fosse. De quem fosse.

Eu a quis. E tudo o que eu desejo, cedo ou tarde, se ajoelha diante de mim.

Ela entrou na casa da serra como se estivesse invadindo um campo de guerra.

Olhar seco. Cabelos presos de qualquer jeito. A pele pálida de quem não dormiu bem.

— Pensei que não viria — murmurei, sem levantar da mesa.

Ela lançou um olhar duro.

— Estou aqui. Obrigada pela consulta do meu pai. — respondeu com frieza, como se fôssemos dois estranhos num corredor de hospital.

A casa estava impecável. Mandei limpar, polir, ajeitar cada fresta. Mas não era por educação — era domínio. O território precisava estar à altura do predador.

— Não me agradeça —