Isadora Alencar
Não havia sentimento pior que o de trair.
A primeira vez, eu poderia chamar de erro — ou não. Como julgar como erro algo tão íntimo, tão instintivo? Uma mulher reconheceria o homem que ama mesmo com os olhos vendados, mesmo no escuro, mesmo em silêncio. E, mesmo assim, eu me entreguei sem sequer confirmar se era Enzo.
A segunda vez… não.
Não havia desculpa.
Não havia erro.
Havia escolha.
Eu aceitei aquele homem em cima de mim, me abracei à sua brutalidade, ao seu cheiro amadeirado, àquela dominação silenciosa. Mesmo com meu noivo deitado ao meu lado.
Isso não era engano. Era falta de caráter.
As lágrimas queimavam meu rosto enquanto reforçava a base no espelho do banheiro, tentando esconder o que se formava sob meus olhos — culpa, medo, verdade.
Por mais que eu tivesse confessado a Enzo, por mais que eu tivesse rasgado meu coração em frangalhos... eu sabia que precisava voltar ao restaurante. E o que estivesse por vir, eu pagaria o preço.
Me vesti como de costume: calç